domingo, 4 de maio de 2014

SINTRA: PALÁCIOS QUE CONTINUAM A SER NACIONAIS

"Uma primeira medida para aumentar as receitas destes Palácios consistiu na redução das gratuitidades que, em 2011, representavam 37% do total das visitas, (...)" in Relatório e Contas 2012-Parques de Sintra Monte da Lua (Palácios Nacionais de Sintra e Queluz.)
Felizmente, para quem não seja letrado - como é o nosso caso - há dicionários pobres que, na sua humildade, ajudam a usar as palavras correctas. 

Por exemplo, 'desinformar' pode ir até "informar mal ou de forma enganadora". Tal como 'manipular' poderá significar "condicionar ou influenciar, com frequência em proveito próprio". Felizmente, nenhuma das palavras se ajusta à lisonja servil.

SINTRA: "DESINFORMAR" OU "MANIPULAR"? EIS A QUESTÃO...

Neste blogue temos sugerido aos munícipes que, aos domingos, usufruam do direito de visitar gratuitamente os parques e palácios de Sintra.

Poderá dizer-se "desinformar" quando se divulgam os elevados preços a pagar para aceder a Palácios que - sendo Nacionais - se vão tornando numa miragem cultural para os portugueses? Haverá quem defenda que a ocultação serve a cidadania?

Como interpretar se, por manipulação, se omitisse o fundamental: - Que em 2012, a administração dos Parques de Sintra, isolou benefícios para residentes no concelho de Sintra  quando acabou com um direito que era extensivo a TODOS portugueses.

Que sensibilidade!!! Quando a maioria das famílias portuguesas passa por grandes dificuldades financeiras, os gestores de uma empresa de capitais públicos decidiram cortar-lhes a fruição de parques e palácios a que sempre acederam sem pagar.

Ai, se tivesse sido o Governo, como seriam as críticas alvoroçadas...

HÁ SEMPRE QUEM GOSTE...

Neste quadro, não vale a pena confundir com números, porque visitantes únicos são menos do que visitas. Muito menos citar-se quanto poupa...quem não paga: - Só em teoria quando aumentam os preços dos bilhetes...a poupança é maior. 

A realidade é outra: os gestores, ao fecharem as portas gratuitas aos portugueses na mira de mais receitas, cortaram a ligação e os sentimentos de amor pelos locais. Os estrangeiros tornaram-se no mealheiro apetecível.

E se não estivermos atentos, com base nas estatísticas invocadas, ainda podem querer acabar com o direito dos sintrenses, que agora já têm de entrar até às 13 horas.

"Os portugueses que se lixem", interpretamos nós.


Excelente imagem do Palácio Nacional da Pena a partir de Santa Eufémia (gratuita para todos)

Em Janeiro deste ano, o presidente do conselho de administração da PS-ML enfatizou que as visitas em 2013 tinham ascendido a 1,7 milhões (93% estrangeiros) mas não se conhecem preocupações por só 7% serem portugueses (cerca de 119.400).

Há quem goste. Deste lado, ficaria mal se nos transformássemos em avisados porta vozes ou oficiosos explicadores daquilo a que os responsáveis não respondem.

De que não restam dúvidas é que os Palácios de Sintra, Queluz e Pena continuam a ser nacionais, pelo que TODOS os portugueses continuam a ter o direito de os visitar gratuitamente, nem que seja um só dia por semana!



Nota de rodapé:

Por certo, dentro da mesma óptica de aumentar receitas, é compreensível que para recentes concertos da Temporada de Música - Tempestade e Galanterie, no Palácio de Queluz 2014, as gratuitidades (ou nomes afins) também tenham sido eliminadas.




2 comentários:

António disse...

Realmente não é muito compreensível este tipo de atitude, quando os portugueses estão a sofrer na pele uma serie de condicionalismos nos seus vencimentos, mas não só, isto é muito mais vasto e necessita de outra visão, mais humana e menos "tio Patinhas". Não devemos ter uma cultura só para os ricos, novos ricos, borlistas ou snobistas. Não nos esqueçamos que Portugal depois da entrada do Euro, continua com vencimentos pagos em escudos e outros em Euros. Aqui é que começa o
fosso. Quanto ao Palácio de Queluz e a temporada de música 2014, não conheço como funciona, qual o tipo de espectadores, e se a bilheteira chega para cobrir a despesa com o evento.

Naíde Pereira disse...

Levar toda a semana a trabalhar e domingo de manhã para tratar de duas crianças e dar-lhes almoço, como chegar a algum parque antes do preço aumentar por passar da hora? É sempre dificil.