quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ENALTECER POLÍTICOS – HÁ PAPÉIS INGRATOS…

Com razoável facilidade, entender-se-á como pouco propositados os enaltecimentos que possam ser feitos a políticos, pelo simples facto de decidirem algo de positivo.
 
Se formos coerentes e sérios, deveremos, sim, apontar aos políticos as suas incapacidades, as habilidades recorrentes, jogadas, nepotismo e respectivas consequências para o definhamento da sociedade democrática que queremos.
 
Os políticos eleitos, no desempenho de cargos e funções, são pagos para gerir bem, tomarem decisões relevantes, aplicarem os mais rigorosos princípios de seriedade e decência nos actos, decidirem no respeito pelo bem-estar colectivo.
 
Os dinheiros públicos não são para desbaratar nem em actos ou cerimónias que possam servir de promoções baratas, nem para manter vícios corporativistas que, em actos eleitorais, são chamados a retribuir com votos as benesses recebidas.
 
No naipe de políticos que conhecemos, nem um só manifestou – até hoje – a intenção de servir a comunidade durante um só mandato para regressar à sua profissão de raiz. Assiste-se é a tentativas de perpetuação nos cargos e ascensões a qualquer custo.
 
Em tese, se fazer e gerir bem é uma obrigação inequívoca, não existem justificativos sérios para encómios por actos decorrentes das obrigações assumidas.
 
Claro que uma razoável corja política da nossa praça se deslumbra com as palavras de elevação. Disfarçados mas intencionais enaltecimentos, ao criarem ilusões de subida inteligência, fomentam sapos que incham com o ego envaidecido.
 
Ficamos perante um inchaço que se torna uma quase patologia viciante da mente, com fluxos anormais de ambição a circular em veias sem predicados, alimentados – talvez ingenuamente – por sujeitos da estirpe ideal para as circunstâncias.
 
Neste quadro, também os cidadãos estão obrigados, perante a comunidade, a dizer o que devem sobre as derivações dos políticos, não se silenciando no recolhimento que os políticos desejam e cujas fraquezas exploram.
 
O oportunismo político sempre existiu. Os cidadãos, por seu lado, devem estar atentos e pouco permeáveis às tentativas que os políticos, ávidos de silêncios, fazem para justificar aquele abraço de gratidão, nem sempre socialmente honroso.
 
Sem ruído, o silêncio é eficientemente embrulhado, e os custos – que os políticos não regateiam – ao serviço da comunidade, devidamente contabilizados.
 
Enaltecer políticos, nesta época em que, a maioria deles, exibe tão má qualidade, é um exercício que requer cautelas pelo reflexo na imagem dos promotores.
 
Afinal, no palco da política, o ponto deve saber o seu lugar.
 
 
 

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