Com razoável facilidade,
entender-se-á como pouco propositados os enaltecimentos que possam ser feitos a
políticos, pelo simples facto de decidirem algo de positivo.
Se formos coerentes e sérios, deveremos,
sim, apontar aos políticos as suas incapacidades, as habilidades recorrentes, jogadas,
nepotismo e respectivas consequências para o definhamento da sociedade democrática
que queremos.
Os políticos eleitos, no
desempenho de cargos e funções, são pagos para gerir bem, tomarem decisões
relevantes, aplicarem os mais rigorosos princípios de seriedade e decência nos
actos, decidirem no respeito pelo bem-estar colectivo.
Os dinheiros públicos não são
para desbaratar nem em actos ou cerimónias que possam servir de promoções
baratas, nem para manter vícios corporativistas que, em actos eleitorais, são chamados a retribuir com votos as
benesses recebidas.
No naipe de políticos que
conhecemos, nem um só manifestou – até hoje – a intenção de servir a comunidade
durante um só mandato para regressar à sua profissão de raiz. Assiste-se é a
tentativas de perpetuação nos cargos e ascensões a qualquer custo.
Em tese, se fazer e gerir bem
é uma obrigação inequívoca, não existem justificativos sérios para encómios por
actos decorrentes das obrigações assumidas.
Claro que uma razoável corja
política da nossa praça se deslumbra com as palavras de elevação. Disfarçados
mas intencionais enaltecimentos, ao criarem ilusões de subida inteligência, fomentam
sapos que incham com o ego envaidecido.
Ficamos perante um inchaço que
se torna uma quase patologia viciante da mente, com fluxos anormais de ambição a
circular em veias sem predicados, alimentados – talvez ingenuamente – por
sujeitos da estirpe ideal para as circunstâncias.
Neste quadro, também os
cidadãos estão obrigados, perante a comunidade, a dizer o que devem sobre as derivações dos políticos, não se
silenciando no recolhimento que os políticos desejam e cujas fraquezas
exploram.
O oportunismo político sempre
existiu. Os cidadãos, por seu lado, devem estar atentos e pouco permeáveis às
tentativas que os políticos, ávidos de silêncios, fazem para justificar aquele
abraço de gratidão, nem sempre socialmente honroso.
Sem ruído, o silêncio é eficientemente
embrulhado, e os custos – que os políticos não regateiam – ao serviço da comunidade, devidamente
contabilizados.
Enaltecer políticos, nesta
época em que, a maioria deles, exibe tão má qualidade, é um exercício que
requer cautelas pelo reflexo na imagem dos promotores.
Afinal, no palco da política, o
ponto deve saber o seu lugar.
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