PRAÇA DA FIGUEIRA,
O Dia era de celebração e exaltação da Mulher.
À mesma hora, por este país fora, quantos políticos palradores não teriam já subido a palanques que lhes garantissem uma melhor visibilidade.
Outros, agitados e na mira de recolherem frutos, desdobravam-se em correrias para aqui e para ali, quase tropeçando na ânsia de se mostrarem.
No Dia Internacional da Mulher, muitas vezes só nesse, quantos besuntados homens se preocupam com a igualdade de direitos…
Na Praça da Figueira, coração de Lisboa, antiga capital do império, a negação do direito à vida era o desmentir dos discursos.
Não foi o local. Foi o simbolismo.
Para uma mulher e um homem, abandonados por um terceiro ser humano que – no meio deles - arrumou os seus haveres, ninguém olhava ou discursava. A indiferença era total.
Apenas a câmara, na frieza do seu disparo, os manteve vivos.
Para eles, foi o Dia Internacional da Indiferença.
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