Ainda há pouco tempo, políticos como o Sr. Presidente da Câmara ou o Sr. Vereador (da Oposição) que é Presidente dos SMAS, colocavam Sintra perto de ser o concelho mais populoso do país, com cerca de 500.000 habitantes. O último disse mais: “ (…) uma população que já ultrapassou os 500 mil habitantes" (JS-20/5/2011).
Tal número, fazedor de egos, transformou-se num espelho de entusiasmos fictícios.
Mesmo sem eleições à vista, convenci-me da convocação dos media para anunciar uma Gala (ao estilo da do Desporto) – com TV em directo e papagaios – onde seria medalhado o 500.000º residente, talvez potencial candidato a uma freguesia.
Imaginava que, fixados no patamar dos 500 mil, os políticos sabiam o que diziam. Não era o Sr. José das castanhas ou o Sr. Óscar dos frangos, mas políticos obrigados ao rigor, para isso dispondo de assessores, técnicos, estudos, dados cruzados e a cruzar, além de outras vias informativas e canalizadas.
Técnicas distractivas? Talvez não se venha a saber. Certo é o erro – menos 120 mil pessoas do que diziam – ser demasiado grande para passar em claro.
Como se perde 87 euros…
Antes dos Censos, face ao passivo autárquico (base 500 mil habitantes), cada sintrense devia 268 euros, uma maquia dura de roer.
Muni-me do dinheiro e, sob condição de não me endividarem mais, ia propor aos responsáveis – Presidente Camarário e sua Dedicada Equipa de Aprovadores – arrumar as minhas contas, quando o Census 2011, por sermos 377.249, me elevou a dívida para 355 euros. Mais 87 euros…aí parei.
O que se diz, sem olhar à volta
Representantes de outros partidos apresentaram razões aceitáveis, mas o Senhor Presidente da Câmara, que “há quatro anos pressentia isso (…)” (Correio de Sintra-7/7/2011), terá escolhido colar os emigrantes à falta de crescimento populacional.
A acreditar-se na escolha, facilmente se concluiria que os 120.000 residentes - em falta no Census - resultaram de refluxos emigratórios…uns de volta à Ucrânia por causa do europeu de futebol, outros de regresso ao Brasil para as obras dos Jogos Olímpicos e Mundial de Futebol. Logo o futebol a justificar o êxodo…
Talvez sem emigrantes fugidios, mas pelo desenvolvimento e melhor qualidade de vida, os vizinhos concelhos de Mafra e Cascais, tiveram um crescimento populacional de 41,2% e 20,2%, respectivamente, enquanto que Sintra se ficou pelos 3,7%.
Sintra deixou de ser atractiva
Por falta de estímulos ao desenvolvimento, não há novos postos de trabalho. Os flashes sobre 3300 postos de trabalho no Fórum Sintra iludem ao não considerarem os postos de trabalho anteriores e o quase nulo reflexo nos desempregados inscritos.
Não se incentivam novos residentes enquanto os seus movimentos pendulares forem em sentido inverso a Sintra, isto é, caminharem para concelhos vizinhos à procura de..e onde encontram trabalho.
Quem precisa de se deslocar confronta-se com transportes rodoviários desajustados às necessidades da população, sem cobertura territorial mas com preços dos mais elevados da área metropolitana (e geridos fora). Os potenciais utentes são empurrados para o recurso às viaturas particulares.
As cerca de 100 áreas clandestinas, que continuaram a arrastar-se nos últimos 10 anos sem se perceber porquê, não ajudam à qualidade de vida. Se resolvidas, permitiam ganhos em quatro vertentes: mais construções de tipo familiar, mais residentes, mais receita e mais cedências de terrenos para a Câmara Municipal.
Se isto não bastasse, para agravar a atractividade (palavra agora em moda…), foi criada uma imagem miserabilista do concelho no seu todo, por causa da desproporcionada campanha que publicitou os apoios a famílias carenciadas. Talvez tenha dado votos, mas não ajudou Sintra.
A um ritmo preocupante, temos agora notícias diárias sobre delinquência ou crimes, o que afasta o prestígio de que Sintra gozou ao longo de dezenas de anos.
Sem políticas de desenvolvimento, sem efectivo aumento dos postos de trabalho, sem estruturas básicas, surge o desencanto: uns não nos escolhem, outros abalam.
Estas são outras realidades a ter em conta. O resto é futebol fora de época.
1 comentário:
O Sr. Castelo tem vindo a alertar estas situações com frontalidade e correcção, tudo tem caído em saco roto. Mas os resultados aí estão. E muito mais haveria a acrescentar. Pegando ainda nas palavras do presidente da concelhia de Sintra do CDS-PP, que diz no Correio de Sintra isto:
"Há claramente um ênxodo de parte da classe média, média/alta de Sintra para outros concelhos,Cascais, Mafra e Oeiras.
Este fenónemo resulta em grande parte na procura, dessas pessoas, de locais onde possam residir com melhor qualidade de vida e com mais segurança".
Sintra tem vindo a perder a qualidade de vida, vai acabar por ficar com a classe baixa e média/baixa.
Não é esta a Sintra que os Sintrenses querem concerteza.
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