sexta-feira, 29 de abril de 2011

CHARCO DOS POLÍTICOS SUPLICANTES

Especialistas no assobiar para o lado, muitos políticos fingem não ter percebido Carlos Costa (Presidente do BdP), quando disse ser "crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e sejam responsabilizados pela utilização que fazem dos recursos postos à sua disposição pelos contribuintes".

Disfarçam, como se nada tivessem a ver com as declarações da Sra. Estela Barbot (conselheira do FMI) quando considerou que o estado social foi " hipotecado pelas pessoas que resolveram fazer dez estádios de futebol e tantas outras auto-estradas."

Não poderia ser mais certeira. O recurso ao futebolismo, tem sido uma das mais habilidosas formas de estar na política, na convicção de que os votos se garantem com a distribuição dos dinheiros que deveriam ser utilizados no desenvolvimento da sociedade.

Assim surgem campos e relvas, clubes que são dos sócios mas que são mantidos com subsídios providenciais e fundos de maneio, organizações privadas sempre à coca de um subsídio, tudo meticulosamente escolhido, devidamente ajustado aos fins em vista.

Temos sido governados por demasiados políticos que, usando os nossos dinheiros, se constituem verdadeiros "benfeitores" em tudo o que, envolvendo núcleos significativos de votos, lhes possa garantir os mesmos, para benefício das suas carreiras.

Frequentemente é notório o desequilíbrio entre o desenvolvimento harmónico da sociedade e as aplicações que são feitas, privilegiando as zonas onde a captação de votos se torna um fim em vista.

Em contrapartida, nos pequenos núcleos habitacionais, onde os votos não são determinantes para as eleições ambicionadas, até das Instituições de Solidariedade Social se esquecem.

Não raras vezes, o dinheiro público é aplicado com tal ligeireza que os administrados se perguntam como são possíveis esses desvarios. 

São esses políticos que Carlos Costa e Estela Bardot  envolvem na exigência de responsabilização e, se se vão salvando agora, um dia terão de prestar contas.

A peça escultórica representa esses políticos e facilmente se assimila: É o inferno!

Mãos suplicantes, algumas agarradas aos potes e tachos que lhes serviram na vida.


Deixo aos leitores a capacidade criativa de identificar mãos e utensílios, ajustando-a aos gestos e expressões de políticos ambiciosos, muitos deles conhecidos. 

Fernando Castelo

1 comentário:

Anónimo disse...

Não podia ser mais assertivo.Existem profissionais da manipulação e, sabe,sempre ouvi dizer que em terra de cegos quem tem olho é Rei.Chego até a verificar que em muitos casos até meio olho chega para reinar.
Vitor Roque ( Belas )