domingo, 13 de julho de 2014

A RAIVA SURDA AO NEVOEIRO...

        



       COMO NA VIDA, O NEVOEIRO...

C'a grande nevoeiro 'tava esta matina,
com vacas berrando lá de l'outra banda,
p'ra lá bem longe daquela colina,
onde m'agacho q'ando a tripa afina!

Ao sair de casa, correndo na brasa,
pó meu trabalhinho onde vou bulir,
c'os berros das vacas me fiquei sentindo,
por coisa da hora deviam dormindo
estar naquela altura.

Mas tanta bravura
saltou de repente, no meu terno novo,
bom fato macaco,
que mudei d'agulha,
inverti corrida,
vaca procurei, p'ra ser socorrida!

Cabeça em árvores, bati por três vezes,
tropecei em troncos, caídos no chão,
pisei dois caniches que logo ladraram,
assustei galinhas e galos cantaram.

Andei desvairado,
procurando os bichos,
ai que tanta falta me fez ver o sol,
q'ando cheg'ó  sítio tudo se arrepia,
as vacas que ouvia,

eram...um farol!




In "Em pedaços vos digo"

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