sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

SINTRA: OS PREÇOS PRATICADOS PELA PS-ML

Para evitar confusões interpretativas, confirmamos o maior apreço pela dedicação dos trabalhadores e quadros da PS-ML na recuperação da nossa Serra e dos Parques e Palácios geridos pela Empresa. Eles propiciam – com brilho – os bons resultados.

Interior do Palácio de Monserrate depois de recuperado pelos qualificados técnicos

Aos gestores, uns hoje e outros amanhã, louvações não serão tão a propósito, pois gerir bem é uma obrigação decorrente dos cargos, tendo sempre na devida conta a realidade da sociedade que os nomeia e na qual estão inseridos.

Assim esclarecido, não existirão dúvidas que a fixação de preços e direitos de acesso aos Parques e Palácios (alguns Nacionais) é da responsabilidade dos gestores.

Preços praticados pela PS-ML

Segundo o site da PS-ML, os preços normais das entradas variam entre os 11 euros (Palácio Nacional da Pena) e 6 euros (Palácio de Monserrate) com os Palácios Nacionais de Sintra e Queluz a deixarem entrar mediante 8 euros e 50 cêntimos.

Aos "maiores de 65 anos", a PS-ML concede o simpático desconto de 1 euro.

Cidadãos nacionais perdem direitos em Sintra

Antes da gestão dos Palácios Nacionais de Sintra, da Pena e de Queluz ser entregue à empresa Parques de Sintra-Monte da Lua, todos os cidadãos nacionais usufruíam de entradas gratuitas aos Domingos, segundo horários estabelecidos.

Depois da PS-ML assumir a gestão dos mesmos Palácios, esse usufruto cultural - que é conferido pela esmagadora maioria de Museus e Palácios Nacionais - foi interditado aos cidadãos nacionais. Hoje, restringe-se a munícipes sintrenses...

Isto é, aos Domingos, os cidadãos que sejam sintrenses podem usufruir de visitas gratuitas um pouco por todo o país, mas cidadãos portugueses não sintrenses estão inibidos desse usufruto em Sintra. Um paradoxo a que os sintrenses são alheios.

Foram portas que se fecharam no acesso à cultura pelo povo anónimo.

Espaço para as famílias, para os cidadãos anónimos usufruírem

Preços de outros Palácios e Museus (com entrada gratuita aos Domingos)

Palácio e Mosteiro de Mafra - 6€; Palácio Nacional da Ajuda + Museu dos Coches - 7,50€ (*); Museu de Arte Antiga - 5€ (só é paga a visita à Exposição do Museu do Prado - 6€); Museu do Traje e do Teatro - 4€; o privado Museu Gulbenkian - 5€.

Além da entrada gratuita aos Domingos, nos outros dias estas entidades concedem descontos de 50% a cidadãos com 65 ou mais anos. A PS-ML desconta um euro...

Argumentos que não colhem

Provavelmente (há sempre quem adverse na dialéctica) alguém justificará que mais de 90% dos visitantes dos nossos Parques e Palácios são estrangeiros, como se isso viabilizasse medidas redutoras aplicadas aos visitantes nacionais. 

A prosseguir esta teoria, serão cada vez menos os visitantes portugueses, empurrados economicamente para visitas a centros comerciais, face à impossibilidade de pai, mãe e dois filhos de 18 anos disporem - por exemplo - de 44 euros para entrarem na Pena.

Desafogo financeiro e investimentos lúdicos

Recentemente, a propósito da pretensa compra das ruínas de um hotel, algumas opiniões – mais de vox populi – aludiam ao desafogo financeiro da empresa de capitais públicos, alegadamente graças aos preços praticados e às novas receitas palacianas.

Por essa altura, anunciava-se a Temporada de Música para 2014, em Queluz, com dois ciclos e intérpretes do mais alto gabarito, quase únicos no nosso meio artístico.

Será a Temporada de Música dirigida aos cidadãos anónimos que não visitam Palácios e Parques devido ao elevado encargo familiar? Ou a outro segmento de cidadãos, mais requintado, elegante, onde há vénias e eruditos musicais?

A verdade é que - comprando passes para os ciclos - os assistentes poderão desfrutar de momentos lúdicos a cerca de 10 euros por concerto, um incentivo cultural com preço mais baixo que os 11€ a pagar só para entrar no Palácio da Pena.

Obviamente que, por analogia com os princípios de bilheteira aplicados aos Parques e Palácios, na Temporada de Música não existirão entradas gratuitas.

Rever preços e acessos gratuitos

Sendo a Parques de Sintra-Monte da Lua uma empresa de capitais exclusivamente públicos, não poderá ser indiferente às dificuldades sentidas por milhões de portugueses, ao direito à cultura pelos mais débeis e ao acesso pelos mais idosos.

Daí que confiemos na revisão da sua política de preços e normalização dos acessos gratuitos para todos os cidadãos nacionais, pois todos participam no seu capital.



(*) - No Palácio Nacional da Ajuda e Museu Nacional dos Coches também os Desempregados da UE beneficiam de entrada gratuita. 

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro Sr. Castelo, Gosto de ler o seu blog que visito com regularidade. Hoje, por poder falar com algum conhecimento de causa, vou fazer um comentário que me parece esclarecedor. Sabe que, ao contrário dos outros monumentos que menciona, a Parques de Sintra paga 23% de IVA sobre todos os bilhetes que vende? E, ao contrário dos outros monumentos nacionais, a empresa não vai buscar o dinheiro dos contribuintes ao orçamento de estado, mas apenas às entradas de quem visita os monumentos? Quanto ao valor dos concertos, não sendo uma pessoa especialmente requintada e elegante, eu comprei 1 bilhete por 20€, só comprando a temporada inteira é que o valor desce para os 10€, o que me pareceu razoável mas implicava um investimento maior… R.Alves

Anónimo disse...

Concordo com quase tudo. É realmente demais 44 euros para uma família portuguesa mas comparando com uma ida ao futebol ou ao cinema... o Palácio da Pena e os seus jardins proporcionam um dia inteiro de passeio pelo paraíso terrestre.
Uma boa opção seria juntar à gratuitidade dos sintrenses a um fim de semana por mês para os nacionais.
O Castelo de São Jorge em Lisboa não tem descontos para cidadãos nacionais mas têm para os lisboetas. E existem outros exemplos a analisar...

Fernando Castelo disse...

Estimado (a) R. Alves, sei perfeitamente essa dos 23%, mas, se tiver paciência, veja os preços que eram praticados em 2007 (com entradas gratuitas aos Domingos para todos os cidadãos) e compare-os com os actuais. Não será por aí que as filhoses vão ao gato. O que se passa é que a PS-ML é de capitais públicos e se o accionista CMS garante entrada gratuita aos seus munícipes, os outros 85% também o devem garantir. Por razões culturais e sociais, quem diga que 90% dos visitantes são estrangeiros deve pensar nos porquês e os preços, tão elevados, estão desajustados aos cidadãos nacionais e aos jovens, para não falar nos idosos. É a política de aumento de preços que leva ao afastamento das fontes de desenvolvimento cultural. Quanto aos bilhetes para o concerto - como disse em passes - ficam a cerca de 10 euros...também aí com 23% será? E não andarão por aí quem queira uns "brindes" ou umas entradas gratuitas? Grato, Fernando Castelo

Fernando Castelo disse...

Caro Anónimo das 21.55, muito grato pela sua opinião. Os Palácios de Sintra têm história, ajudam a conhecer como foram os nossos antepassados, como viveram. São de grande riqueza e, a pagar, está-se a limitar a vertente cultural, essencialmente dos jovens. Os preços praticados são altos, e quem tem acesso gratuito por ser legalmente munícipe sintrense, goza de um privilégio que não é concedido a outros portugueses. Cumprimentos,

Fernando Castelo disse...

Acrescentaria ainda que, na forma actual, o que está a funcionar em pleno é o princípio da desigualdade.

Parques de Sintra - Monte da Lua disse...

Caro Fernando Castelo,

Antes de mais agradecemos a ressalva inicial do seu post de dia 10.01.2014, relativamente ao apreço pelo trabalho desenvolvido e resultados obtidos pela Parques de Sintra. Aproveitamos também para acrescentar que acompanhamos o seu blogue e os interessantes comentários que escreve sobre Sintra, bem como a sua dedicação ao local.

Relativamente às questões que levanta, gostaríamos de recordar que os valores cobrados pelas entradas nos parques e monumentos sob gestão da Parques de Sintra são indispensáveis para o cumprimento da sua missão, que é recuperar, manter e abrir ao público todos estes locais. Este trabalho é efetuado sem recurso ao Orçamento de Estado (e, portanto, sem a participação que refere ser de todos), dependendo, por isso, das receitas de bilheteiras, cafetarias e lojas. Os preços dos bilhetes que cobramos estão também sujeitos ao pagamento de 23% de IVA, ao contrário dos restantes monumentos nacionais que refere em comparação e que estão isentos de IVA.
Do exposto, pode-se concluir não ser sustentável para a Parques de Sintra oferecer as entradas gratuitas que propõe. Para além disso, a distinção entre cidadãos nacionais e outros não seria possível, sendo já exceção as entradas gratuitas nos parques e monumentos geridos pela Parques de Sintra, nas manhãs de Domingo, para os munícipes de Sintra.

No que respeita à Temporada de Música no Palácio de Queluz em 2014, gostaríamos de referir que esta se insere na procura de mais motivos para aumentar o interesse dos portugueses pelo Palácio de Queluz que, relativamente aos outros monumentos de Sintra, é pouco visitado.

No que respeita ao seu post de dia 14.01.2014, gostaríamos também de esclarecer que, ao simular no nosso website os preços para o período da Época Baixa ou da Época Alta, os valores apresentados são diferentes (http://www.parquesdesintra.pt/planear-a-sua-visita/simulador-de-precos/), e que a informação sobre a gratuitidade para munícipes está referida na secção das Perguntas Frequentes (http://www.parquesdesintra.pt/perguntas-frequentes/). No entanto, e dado que lançámos um novo site muito recentemente e estamos ainda a proceder a correções de vários tipos, vamos ter em conta o seu comentário e acrescentar essa informação sobre a gratuitidade para munícipes também na zona de indicação de preços geral (http://www.parquesdesintra.pt/planear-a-sua-visita/horarios-e-precos).

Agradecendo a sua atenção e comentários, colocamo-nos como sempre ao dispor para esclarecer quaisquer outras questões pertinentes.


Melhores cumprimentos,
Parques de Sintra - Monte da Lua

Fernando Castelo disse...


Foi recebido com todo o gosto o esclarecimento da Parques de Sintra - Monte da Lua sobre a matéria que este blogue versou.
A apresentação de um conjunto de factores que justificam os preços aplicados não poderá - salvo melhor opinião - ser totalmente aceitada. Com efeito, com as novas bilheteiras do Palácio Nacional de Sintra e ter passado o Palácio Nacional da Pena a ser uma receita total (dantes era uma parte) a PS-ML passou a ter uma receita confortável. Por outro lado, na sua vertente de desenvolvimento cultural de uma sociedade, estou certo que a PS-ML não deixará de tomar medidas que permitam mais acessos quer por jovens até aos 17 anos quer por cidadãos com mais de 65 anos e, com lógica de solidariedade numa sociedade como a nossa,
condições especiais para os cidadãos nacionais, mesmo que limitadas a certos dias.
Por outro lado, perdoar-me-ão, os incentivos para visitar o Palácio de Queluz não se poderão circunscrever aos assistentes da Música da mais alta qualidade, por intérpretes quase únicos, com preços ao nível de uma simples entrada no Palácio da Pena. Eu já assisti a cidadãos nacionais irem embora de Queluz (a Domingos) por não poderem pagar o bilhete de três pessoas.
De qualquer forma, foi bom ter levantado este assunto, para ajudar a possíveis soluções mais adequadas.
Fernando Castelo

Custódio M. disse...

Ao procurar saber os preços das entradas apanhei este blogue e estou de acordo com algumas coisas porque somos três e moramos em Queluz, para a visita sem ser ao palácio daqui e ir aos de Sintra gastamos três pessoas quase 20 euros só em transportes e temos de chegar lá antes da uma. Custódio Moreira, morador no Pendão

Fernando Castelo disse...

Caro Custódio, pelo que julgo é morador no concelho de Sintra e, se assim acontecer, não esqueça ser portador de um documento que identifique a sua residência. Compreendo a questão que coloca, pois se morasse fora do concelho de Sintra ainda teria de pagar mais as entradas que, como saberá, são bastante caras todos os dias. Cumprimentos e grato pela sua visita.
Fernando Castelo