"Santo António de Lisboa" em plena Rua Augusta
Muitos se lembrarão que, por esta altura, a miudagem tinha um hábito curioso: - Forrava-se uma caixa, muitas vezes de sapatos, que viria a servir de altar para uma imagem de Santo António, feita de barro e comprada nas drogarias.
Depois, quem passava pelo local, era abordado com a tradicional frase: "Dê-me um tostãozinho p'ra Sant'António". Umas vezes "pingava", outras não, mas a juventude fazia disso uma ocupação de tempo, fora das obrigações escolares.
Recordo-me de corar naqueles momentos em que Senhores aperaltados me diziam: "Para quê, se Santo António não come?", e logo lhes respondia: - "É para ir comprar-lhe umas linguas de gato"...com um sorriso fraterno e respeitador.
Entre sorrisos, havia quem desse. Um tostão tinha valor - dez tostões eram um escudo - pois os ordenados rondavam os 400 escudos mensais (dois euros à moeda actual). Um café custava quize tostões, incluíndo três de gorjeta obrigatória.
O dinheiro era, quase sempre, para rebuçados a meio tostão. O preço aumentou com o aparecimento dos cromos da "bola" que requeriam a compra da Caderneta para nos habilitarmos à bola do prémio. Era o marketing a funcionar naquela época...
Passadas as festas, Santo António era carinhosamente embrulhado e ficava à espera dos festejos - e peditório - do ano seguinte.
Não guardo nenhuma imagem daquele tempo, mas há dias, passeando na Rua Augusta, em Lisboa, captei Santo António, mesmo sem o menino nos braços...talvez porque ele tenha crescido e já não goste de colo.
Passem todos um bom dia do Santo padroeiro de Lisboa.
Não guardo nenhuma imagem daquele tempo, mas há dias, passeando na Rua Augusta, em Lisboa, captei Santo António, mesmo sem o menino nos braços...talvez porque ele tenha crescido e já não goste de colo.
Passem todos um bom dia do Santo padroeiro de Lisboa.
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2 comentários:
Castelo
Foi este menino que emigrou..
Caro Anónimo, tudo me leva a crer que não emigrou. Continua em Lisboa e, por sinal, foi assistir às marchas populares...eu vi-o lá.
Um abraço e grato pela visita,
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