Uma certa curiosidade, que muitos classificarão como mórbida, leva-me a gostar de conhecer onde é aplicado o dinheiro dos nossos impostos e taxas, nomeadamente ao nível autárquico. Talvez não se use…mas eu gosto.
Admitirei tratar-se de uma obsessão psico-patológica, mas disso culpo os maus políticos, governantes sem ou com princípios que os comuns mortais não entendem.
Afectou-me a morte de duas senhoras africanas em Belas (insisto, em Belas) quando no dia 18 de Fevereiro de 2008 o seu carro foi arrastado para o Jamor. Para agravar os meus sentimentos, o facto de – só mais de quatro meses passados – então sim, surgir uma proposta do Vereador Marco de Almeida a atribuir uma verba de…200 euros à Cooperativa “Os Leõezinhos” para apoio aos familiares das vítimas.
A partir daí, obcequei-me na atenção à forma como se distribui o dinheiro em Sintra.
Hoje, no chamado site camarário, encontramos como “Documentos em Consulta Pública” vários Planos, Projectos e Contratos-Programa com contornos elucidativos, pelo menos para quem goste de estar atento a estas coisas.
De uma penada, são 9 (nove) contratos-programa de “Desenvolvimento Desportivo”, sendo 5 (cinco) de 1.000 euros, 1 (um) de 2.500 euros, 2 (dois) de 10.000 euros, e 1 (um) de 45.000 euros. Não se notam para fins culturais, entre eles bibliotecas itinerantes ou fixas em Associações Particulares de Solidariedade Social.
Temos Contratos-Programa com muitas páginas e letrados “Considerandos”, em que os custos administrativos, nalguns casos, são maiores do que o valor estabelecido.
De qualquer forma, 1.000 euros já é um sinal de “estamos cá”, “contem connosco”, tal como no Totobola se pode confiar cegamente no sorteio seguinte.
Nos casos de 10.000 euros, os planos são outros. Clube de freguesias, cujos donos são os sócios, os quais, devidamente motivados, deverão sentir-se gratos e obrigados. Uma “promoção desportiva” cai sempre bem, mesmo que os praticantes só possam usufruir se pagarem.
Quanto ao contrato-programa de 45.000 euros, isso sim, já tem outro peso e, inequivocamente, terá de fazer parte de um projecto bem estruturado, cujo prazo e amplitude nem sempre salta à vista dos mortais mais comuns.
Em seis folhas, onde os “Considerandos” quase tropeçam, apercebe-se que um dos representantes da Associação Outorgante, de Belas (insisto, de Belas), é o seu Presidente da Direcção, Luís Filipe de Jesus, um nome conhecido no atletismo.
Claro está que, nos “Considerandos”, não teria cabimento constar que o mesmo Senhor Luís Filipe de Jesus foi o último candidato da Coligação Mais Sintra à Junta de Freguesia de Belas, onde os eleitores, não acreditando na “dedicação total” prometida, deram a maioria à lista do Partido Socialista.
Estou em crer que o Executivo da Junta de Belas, com a lhaneza que a Câmara Municipal empresta a estas coisas, foi consultado sobre este contrato-programa que se cruza com as suas responsabilidades territoriais e disponibilidades financeiras.
Entretanto, por que não aceitarem-se sugestões sobre futuros candidatos à Junta de Freguesia de Belas? Comecemos pelos dorsais.
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