domingo, 22 de outubro de 2017

DOMINGO...MEMÓRIAS COM POEMAS DE ALEXANDRE O'NEILL

"O Livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive" - Padre António Vieira


Hoje, Amigos, ficaremos por cá...recordando peças do arquivo das vidas.

Em 1972 celebrou-se o Ano Internacional do Livro. Passaram 45 anos...

Em 26.7.72, de um jornal vespertino (desculpem não garantir se Diário Popular, de Lisboa ou A República) recortámos dois belos poemas de Alexandre O'Neill.

Revendo, relendo, fixando memórias, arquivos e notas, temas e razões, quantos de nós estão nas palavras de O'Neill, sentindo que não há vidas arquivadas.

As nossas memórias estão em milhões de caixinhas que temos o cuidado de fechar quase hermeticamente, mas a que não conseguimos fugir em certos momentos.

Ao abrirmos - confessamos que propositadamente, mas não o divulguem - esta caixinha fechada há 45 anos, caíram-nos em cima momentos bons e maus da Vida.


Parece ser bom passar uma mão nesta escultura e...realizam-se sonhos. Estamos em fila de espera   

A Vida Não É de Abrolhos

A vida não é de abrolhos.
É de abr'olhos.

A vida não é de escolhos.
É de escolhas.

Porque me olhas e m'olhas?
Porque me forras a alma
com o relento de um sentimento?

Serei eu a tua escolha?

Abre os olhos e olha,
Que eu já me escolhi em ti!

Uma escultura apaixonante

O INOMINADO

Se eu não fizer
assim (como hei-de dizer?) amor
sim amor contigo
muitas (meudeus!) vezes
com preguicinhas boas
tolices ao ouvido
revoadas de beijos
repentes dentes
olhares pestanejados com carinho
oh
nem terei nome
serei o "coiso" "esse aí" o "como
é que ele se chama?"
o que dorme singelo
o que ninguém (ai, ai) ama.

Não temos palavras para esta escultura

Antes de os voltarmos a colocar numa das gavetas da memória, onde ficarão -de novo -  tão bem guardados, decidimos partilhá-los, porque são pedaços de Cultura. 

Talvez daqui a 45 anos, alguns dos visitantes de hoje os releia e republique...

São os sentimentos...as memórias. 

Um Bom Domingo para todos.



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