domingo, 21 de agosto de 2016

SINTRA: A "INCULTURA" DOS RECORDES...

A caminho dos 4.000.000 de pés nos nossos Palácios

A notícia ainda não galvanizou, mas não deixará de ser usada pelos historiadores de folhetos. Nem por mentalidades estreitas sobre o que é respeitar o património. 

Aguardemos que um destes dias, ao mais alto nível, os números sejam promovidos e logo uma chusma de seguidores fará as saudações do costume. 

No primeiro semestre deste anos (sem incluir o Parque e Palácio de Queluz), pelo menos 2.020.000 pés pisaram livremente o nosso património Histórico.

Melhor. O Palácio Nacional de Sintra, Casa de Reis, teve - pelo menos - 514 mil pés a pisar as suas salas. Felizes, com ténis ou sapatos, saltos altos ou baixos não importa.

O Palácio da Pena, onde D. Fernando viveu tão feliz o seu amor privado, não deve ter sido agredido por muito menos que Um Milhão e 58 mil solas de vários tipos.

Tudo, pelo que se lê, entusiasmante, com o objectivo de "crescer de forma sustentada, atraindo cada vez mais visitantes (...)", afirmou o presidente da Parques de Sintra.

Património que deveria ser salvaguardado

É estranho que a Administração da Parques de Sintra, face ao elevado número de visitantes, não tenha posto em prática medidas para a salvaguarda do património.

É frequente, noutros patrimónios de relevante valor, que - pelo menos nalgumas zonas - as visitas só possam ser feitas com protecções específicas ou descartáveis.  




Obviamente que o Grau de Cultura também se mede pelos cuidados a ter na preservação do património, mas isso é coisa para os zeladores de outras paragens.

Desta ameaça ao Património Histórico, com a Câmara representada na Administração, resta-nos aguardar pelas consequências futuras...à custa do dinheirinho de hoje.

A mesma Administração (senta-se lá a Câmara) que não isenta de entradas jovens com menos de 18 anos (é certo que não votam...) para acederem à Cultura da sua Pátria.

A mesma Administração (que conta com o Presidente da Câmara) que não manifesta preocupações com a perigosíssima carga combustível em carros pela Serra acima.  

Bater-se-ão, certamente, outros recordes, por exemplo de receitas mesmo que de menor influência na economia sintrense, mas é a cultura do nosso dinheirinho. 

Um destes dias, talvez se contem, com orgulho, os milhares de carros que atravessam o Centro Histórico sem que os passageiros o visitem. Tudo no mesmo caminho. 

Parece ser disto que certas figuras gostam.

Um sintrense para Sintra é cada vez mais uma exigência. 

Bom Domingo.  


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