quinta-feira, 2 de junho de 2016

SINTRA, HISTÓRIAS SOBRE A IMAGEM DE ONTEM...


Esta foi uma imagem de ontem...e do ontem de uma criança 75 anos passados.

Uma imagem que se não esquece, que não poderia ser deturpada nem escondida, que com muito orgulho é mostrada. Uma imagem que não esconde as origens.

A criança triste tinha apenas 23 meses de idade. 

Quem olhar cuidadosamente, pode ver tudo que rodeava uma criança naquele Alentejo profundo, dois anos depois do início da II Grande Guerra e privações havidas.

Não havia tablets, nem médicos, nem psicólogos. À noite havia a lamparina e as manhãs começavam às 5 horas, sem sono, porque se ia cedo para o colchão de palha.

Uma mecha em candeeiro a petróleo alumiava para os deveres escolares, num caderno de duas linhas ou na ardósia riscada com pena rija porque a de leite era cara.

O café eram sopas de pão e, aos Domingos, farinha torrada numa frigideira. Faltava a manteiga que para nós era substituída por banha derretida com colorau para ter cor.

Não havia parques, nem jardins. Eram privados, para filhos de feitores e agrários.

O menino teve a sorte de não morrer como foi sucedendo a muitos outros. 

Hoje, com 77 anos, o menino sente repulsa pelos que falam das crianças mas apoiam quem a elas fecha Parques e Palácios se os pais não puderem pagar as entradas.

O menino com 77 anos sente vergonha dos que se dobram como lacaios, se calam com recompensas, vivem de abraços fraternos ou se rendem à bajulação.

Há quem seja capaz de enaltecer os mesmos que ontem fecharam as portas às nossas crianças, entusiasmados, pela certa, com o aumento do nosso dinheirinho.

Como nos saltaram ao pensamentos tantos fariseus...a podridão das elites. 

Por isso temos estado e continuaremos a estar ao lado das crianças e seu direito de acesso gratuito aos bens culturais, ao Monumentos e Palácios Históricos de Sintra.

E digam lá fora, onde alguns se movimentam e talvez se pavoneiem, que no Dia Mundial da Criança a tal entidade tão votada...votou as Crianças ao ostracismo.  

Porque não podemos esquecer as limitações que tivemos em criança.

Que sintam vergonha...ao menos isso.


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