quarta-feira, 15 de outubro de 2014

SINTRA: PARQUES E PALÁCIOS, AO SERVIÇO DE QUEM?

Consideremos um pormenor inequívoco e determinante: Os Palácios Nacionais, seus Parques e outros Patrimónios Históricos de Sintra são geridos por uma empresa de capitais exclusivamente públicos, sendo pois bens de todos os portugueses.


Estrada da Pena, frente ao portão dos Lagos (exterior)

Em conformidade, as restrições impostas para o acesso a esses bens, reflectidas nos elevados preços e assentes na desigualdade entre os cidadãos do mesmo país, servem para o desenvolvimento Cultural de que gerações de portugueses?

Servirão, porventura, os que compõem a maior parte da primeira geração - a Sénior - sacrificada durante a II Grande Guerra, que começou a trabalhar ainda criança e estudou à noite para aprender, que sofreu na época da Guerra Colonial? Não. 

Estimularão a segunda geração - a de Adultos - na qual se encontra a maior parte de desempregados sem futuro, com filhos e muitas vezes netos a seu cargo, com penhoras porque os subsídios tantas vezes não chegam para a alimentação? Não.

Respeitarão os objectivos nacionais e recomendações para o desenvolvimento Cultural gratuito da terceira geração - Jovens dos 6 aos 17 anos - ocupando-os em boas práticas, nomeadamente conhecendo a História do seu país? Não.  

Só um panegírico para tornear restrições, lembraria entradas gratuitas para a quarta geração - crianças até 5 anos - como se elas visitassem Palácios e Parques...felizes por deixarem pais e avós ao portão por falta de posses para a compra do bilhete.

Dados que faltam ao conhecimento público

Seria interessante que a Empresa dos Parques de Sintra - Monte da Lua divulgasse - tem de possuir esses dados - o número de entradas gratuitas facultadas em cada um dos primeiro ou terceiro Domingos desde Janeiro a Outubro deste ano.

Obviamente parcelares e não acumuladas, pois um mesmo visitante pode ter utilizado todos os dias de entrada gratuita para "residentes em Sintra". Um indicador precioso para se ter a noção do universo local beneficiado pelas gratuitidades.

Património de Sintra pouco acessível a portugueses

O Plano de bilhética (e respectivos custos), decidido por uma Empresa de Capitais Públicos que gere Parques, Palácios e o Castelo dos Mouros, redundou em efeitos selectivos complexos que limitaram o acesso por parte de muitos portugueses.

Quem tenha paciência para tal, avalie a complexidade de preços, o mais para aqui ou ali, com terraço ou sem terraço, isto e aquilo, tudo a aumentar os custos.

Tais limitações facilmente se enquadrarão no princípio contra-natura de "quem quer cultura paga-a", seguidor do tal "quem quer saúde paga-a" e, agora na ideologia do fecho de escolas públicas..."quem quer aprender...que pague no privado".

Em tese, os portões abrem-se mediante pagamento à maioria de visitantes estrangeiros e a alguns portugueses da classe dominante. Gratuitamente para um núcleo reduzido de residentes. Fecham-se para os outros portugueses.

Esta a realidade com que frequentemente nos deparamos, tristemente classista, de passeantes petulantes, de convivas de gabarito alheios ao povo que pulsa, que sofre, como se de outro sangue ou de outra Pátria. Com direitos diferentes...

Portugal não é Quinta, Palácio ou grandioso Parque  de quem quer que seja. É de um Povo, do seu Povo. Dos que suam a trabalhar e dos que se perfumam para manter a distância. Portugal é de todos os Portugueses sem desigualdades.

Pode não ser amanhã. Os Portugueses hão-de voltar a entrar gratuita e livremente nos espaços Históricos de Sintra que são seus, sem recurso à vassalagem.

Tudo é uma questão de tempo.



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