quinta-feira, 31 de julho de 2014

SINTRA: TRISTEZAS EM CINCO ACTOS...

"Em pedaços vos digo", foi o mote da criação deste blogue despretensioso, na esperança de poder servir Sintra e as suas gentes, alertando os responsáveis e, quantos vezes, os gratuitos invocadores de Byron...Herculano...ou Glorioso Éden.

A desilusão acaba por surgir quando tudo se mantém imutável, o mal continua mal, o bem é mal tratado, enquanto os responsáveis passam entre o bem e o mal.

Os factos e as imagens - tiradas hoje - desacreditam Sintra e o seu passado, muito menos ajudam a um melhor presente. Remetem, mais, para a indiferença.

Ainda não será desta que atirarei a toalha ao chão.

Centro Histórico, Escadinhas do Hospital: Em 2005, numa manobra eleitoral, nos postes de ferro que se vêm ao fundo foi colocado um painel da autoria de um artista plástico, tapando uma casa em ruínas. Os custos foram elevados e, com o tempo, o painel - destruído - foi retirado. Os postes ficaram...passaram quase 9 anos! 

Entrada do parque de Estacionamento do Rio do Porto, junto ao Centro Histórico: Vê-se que no dia 30/5, entre as 7h e 14 horas, era Zona de Paragem e Estacionamento Proibido. Passados mais de 2 meses, ninguém ainda se apercebeu - até nos serviços ligados à colocação do sinal - que devia ser retirado?

Na Sessão de Câmara de 1 de Abril de 2014 foi aprovada uma Proposta do Vereador Dr. Luís Patrício (Proposta 214-LP/2014, tendente à colocação de Sinais de "Proibição de Estacionamento de Auto Caravanas entre as 00,00h e as 7,00h" nos Parques do Urbanismo e Rio do Porto". Amanhã fará 4 meses e de Sinais nada. 

Esta é a incómoda pedonal da Heliodoro Salgado. Os carros sobem e descem ao gosto dos automobilistas que desrespeitam as normas. Veja-se que até o Sinal já foi desviado do seu lugar. Perante tão frequente e conhecida prática de incumprimento, não haverá forma de fazer respeitar, uma vez por todas, a sinalização do local? 

Centro Histórico, Volta do Duche, frente à Rua Visconde de Monserrate: o lixo amontoado já mostra ao tempo que este monstro lá está. Aproveitando um espaço "escondidinho" pelo grande contentor amarelo (a propósito, quem autorizou e fixou os locais para tais?) o monstro ficou arrumado...mas ninguém parece ver.


Apreciando o monstro, a ferrugem e o mau estado dos pneus e das correntes, os comandos e o conjunto, tudo leva a crer que estamos perante um abandono, em pleno passeio, causando admiração que ninguém com responsabilidades, nomeadamente a polícia municipal, tome as medidas para o espaço ser limpo.

Poderia, sem grande esforço, juntar mais umas tantas outras situações que são totalmente incompatíveis com Sintra, com um Centro Histórico que deveria ser preservado e, em cada dia, mais adequado àquilo que se divulga pelo mundo. 

Na verdade, as situações anómalas parecem ter uma extensão mais ampla do que o ocasional, exigindo que o Executivo Municipal e o seu Presidente inventariem o que se passa, nomeadamente com uma equipa técnica específica. 

Sintra é demasiado importante para estar sujeita ao desprestígio destas imagens.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

SINTRA: CICLISTAS E CUMPRIMENTO DO CÓDIGO DA ESTRADA...

Para que não surjam confusões, embora não pratique sou um defensor dos momentos lúdicos e manutenção das condições físicas pela prática de ciclismo.


A bicicleta cá de casa...descansando!

No entanto, agora que existe legislação adequada e que iguala as obrigações de automobilistas e ciclistas, é bom que todos se compenetrem desse facto e cumpram.

Automobilista que precise de se deslocar aos Domingos tem de estar mais atento aos ciclistas que circulam nas estradas, evitando surpresas desagradáveis.

Com efeito, para automobilistas há a obrigação de respeitar 1,50 metros ao fazer uma ultrapassagem, manobra que se reveste, nalguns casos, de muita dificuldade. 

Ainda ontem, num grupo de ciclistas (um deles com uma camisola com o símbolo de Sintra) na estrada de Pêro Pinheiro, cinco colocavam-se frequentemente lado a lado, ocupando a via até ao centro, com oscilações, fazendo perigar a circulação.

Para o mesmo grupo, em Pêro Pinheiro, num semáforo perto do posto da GNR, o sinal vermelho foi interpretado como "para andar"...que se lixasse a regra estradal. 

Antes, um pouco mais acima ( a via é de sentido único descendente) outro ciclista isolado resolveu subi-la em razoável pedalada. 

Para toda esta panóplia de infracções às regras, a que assistimos com demasiada insistência, é preciso que as autoridades estejam atentas, talvez mais com intenções preventivas, a fim de evitar os problemas que das mesmas possam decorrer. 

Por que não Seguro de Responsabilidade Civil Obrigatório?

A este propósito, ao longo da minha vida profissional, foram várias as vezes em que graves acidentes tiveram ciclistas como intervenientes ou responsáveis.

Só a falta de conhecimentos dos mentores da Lei justifica que, com a nova legislação, não fosse criado o Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil para Ciclistas, alegando que os danos causados por tal prática são limitados. Nada mais enganoso.

Ora, da prática de ciclismo podem resultar elevados danos corporais e materiais a terceiros que se torna necessário prevenir. A falta de respeito por um sinal vermelho, como acima citámos, pode originar colisões, despistes e outros danos.

Tal como já tem acontecido, danos corporais a peões podem obrigar a dispendiosas intervenções cirúrgicas, de cujas responsabilidades os ciclistas fogem.

Foi com pouca visão da realidade que os envolvidos nas alterações ao Código da Estrada entenderam não ser obrigatório o Seguro de Responsabilidade Civil, alegadamente "por serem reduzidos os danos causados por ciclistas".

É bem avisado o ciclista que efectua o seu Seguro de Responsabilidade Civil, para que num caso grave não se veja penhorado dos seus bens. 

Estiveram muito mal os responsáveis pelas alterações ao Código.

PORQUE TUDO CORRE BEM...QUANDO NÃO HÁ ACIDENTES! 



sábado, 26 de julho de 2014

SINTRA: RECORDAR GOSTOS ANTIGOS...

Julgo que a maior parte das crianças, até muitos adultos, apenas conhecem sabores das frutas que hoje aparecem à venda, tratadas e desenvolvidas com os mais variados produtos químicos, quantas vezes lustrosas por polimentos artificiais.

Gerações mais antigas lembram-se dos sabores mas não os conseguem reavivar.

Um dia, há alguns anos, tive saudades do sabor único da pêra carapinheira. Procurei por toda a parte uma árvore. Foi uma tarefa muito difícil até que, quase a desistir, um dia resolvi procurar mais intensamente nos saloios em S. João das Lampas.

Por sorte, num viveiro, lá encontrei uma pequena árvore que com todo o carinho viria a plantar, com a exagerada esperança de um dia retomar o gosto recordado de criança.

Foi pois, com satisfação imensa, que a apanha destas pêras carapinheiras trouxe o sabor antigo, daquela fruta tão portuguesa e que, há muitos anos, era praticamente a única disponível nas famílias, com um sabor inigualável.

Sendo uma espécie muito ligada à Sintra antiga, aqui fica uma referência feita no blogue RioDasMaçãs, com uma saudação para o seu gestor.

De uma árvore sem tratamentos químicos, sem adubos ou insecticidas, mas vigorosa e saudável, aqui está uma parte dos frutos que - magnanimamente - ela nos deu. Foi uma pena que o vento das últimas noites tenha deitado ao chão muitas outras. 

Como sabe bem recordar o seu sabor

E como o dia foi dedicado à apanha de fruta, também as ameixas apresentam um sabor tão apetecível, tão diferente do que se compra por aí, vindas de onde nem sabemos, em caixas sob refrigeração, que muitas vezes chegam a casa quase desfeitas.



Todas genuinamente sintrenses, sem conservantes ou aditivos.

Frutas de árvores por nós plantadas e pelas quais esperámos muitos anos. 

A retribuição, tão generosa, enche-nos de satisfação.

Manhã cedo, dedico-lhes sempre a primeira visita do dia.

Pelo mérito delas e pela gratidão que me merecem.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

BOEING 747 UMA AERONAVE GRANDIOSA...

É provável que muitos de nós olhemos com curiosidade aqueles quatro rastos que nos indicam a aeronave de onde estão a ser emitidos os gases. Vemos à sua frente um "pequeno" corpo, veloz, cuja dimensão real nem sempre se conhece.

Resultam da temperatura exterior que, muitas vezes, ronda os 60º negativos.

Um desses aviões tem um prestígio ímpar, justificando que hoje - para satisfação de curiosidades - lhes apresente alguns pormenores do Boeing 747, o famoso Jumbo:

Trem de aterragem principal com 16 pneus (em Seattle) 

A grandeza de um  reactor (Em Seattle)

Tendo como fonte o Portal VOA PORTUGAL, a TAP possuiu - entre 1972 e 1984 - quatro unidades Boeing 747-200, utilizados nas Rotas de Nova Yorque e Luanda.

Também, pela Wikipédia, ficamos a saber toda a história deste consagrado avião (1º.voo em 1969), cujos modelos actuais possuem capacidade para 467 passageiros.

Na realidade, é grande a sensação de confiança quando nos sentamos nesta aeronave para passar mais de 10 horas, convivendo com assistentes durante uma parte da viagem e que, horas depois, são substituídos por outros que nunca tínhamos visto.

Dentro de um Jumbo a vida é diferente, há sempre quem passe por nós, momentos de conversa para passar o tempo, os filmes que passam.

A paixão por este modelo de avião é reforçada pela confiança que nos inspira.

Quantas vezes, durante horas, os sigo nas suas rotas...





terça-feira, 22 de julho de 2014

UM EXEMPLO DE EQUILIBRISMO...


Já eram conhecidas muitas formas de equilibrismo. Esta é mais uma, em que a bola serve de suporte a um exercício verdadeiramente notável, onde a espinha apresenta uma curvatura forçada e a cabeça mais parece expressar submissão.

Abençoado artista, assim glorificado num hotel em Spokane.




domingo, 13 de julho de 2014

A RAIVA SURDA AO NEVOEIRO...

        



       COMO NA VIDA, O NEVOEIRO...

C'a grande nevoeiro 'tava esta matina,
com vacas berrando lá de l'outra banda,
p'ra lá bem longe daquela colina,
onde m'agacho q'ando a tripa afina!

Ao sair de casa, correndo na brasa,
pó meu trabalhinho onde vou bulir,
c'os berros das vacas me fiquei sentindo,
por coisa da hora deviam dormindo
estar naquela altura.

Mas tanta bravura
saltou de repente, no meu terno novo,
bom fato macaco,
que mudei d'agulha,
inverti corrida,
vaca procurei, p'ra ser socorrida!

Cabeça em árvores, bati por três vezes,
tropecei em troncos, caídos no chão,
pisei dois caniches que logo ladraram,
assustei galinhas e galos cantaram.

Andei desvairado,
procurando os bichos,
ai que tanta falta me fez ver o sol,
q'ando cheg'ó  sítio tudo se arrepia,
as vacas que ouvia,

eram...um farol!




In "Em pedaços vos digo"

segunda-feira, 7 de julho de 2014

SINTRA: "FONTES" E DEFESA DO PATRIMÓNIO DOCUMENTAL

É convicção que, muitos de nós, sentimos curiosidade pela recuperação de dados históricos e passados, recordando modos de vida, projectos que não passaram disso, as diferenças da sociedade, funcionamento e respectivas estruturas.

Para isso, sempre que não fomos nós a viver, torna-se necessária a recolha nos locais adequados e bibliotecas, passar páginas, ler pormenores curiosos, organizar os tempos e os modos, transportando depois o resultado das nossas recolhas. 

É aqui que queremos chegar: IDENTIFICAR AS FONTES É UM GESTO DIGNO.

Gravura do Centro Histórico. Em primeiro plano o "Esguicho" ou "Repucho"  agora no Jardim da Preta anexo ao Palácio Nacional de Sintra, com entrada paga para se observar. (Foto obtida na Sintriana)

Ter a preocupação de indicar onde recolhemos a sabedoria do estudo não representa humildade mas sim respeito pelos documentos consultados e pelos Arquivos.

Por aqui, salvo alguma distracção de que peço me relevem, é na Biblioteca Municipal de Sintra, especialmente na Sintriana, que recolho a quase totalidade das curiosidades por vezes aqui recordadas, facto que me dá muita satisfação.

Claro que se podem exibir extensos e desenvolvidos Tratados se consultarmos centenas de obras que outros fizeram, não indicando "fontes", tornando-nos destacados especialistas disto e daquilo, até de História. Mas não é a mesma coisa...

A indicação das "Fontes", além de digna é prova de higiene intelectual.

Era assim onde hoje há esplanadas do Café Paris e Hotel Central (Fonte: Sintriana)

Defesa e preservação do Património Documental

Há alguns meses - soube-o casualmente - documentos muito antigos, actas de uma congregação e alguns outros, foram encontrados no antigo arquivo da Junta de Freguesia de S. Pedro de Penaferrim e levados certamente para melhor guarda.

Ora, nos tempos recentes, têm surgido peças escritas que - salvo erro meu - parecem relacionadas com o espólio acima referido, mas não indicando a "Fonte" ou referindo o Arquivo de onde possam ter sido retiradas após consulta.

Tal facto, pese a convicção de que o espólio, pelo seu valor histórico para Sintra e S.Pedro, se encontra devidamente protegido, levanta a questão de se saber - inequivocamente - onde deverá estar depositado para a devida conservação.

A conservação da riqueza documental ligado ao nosso concelho implica - de certeza - com regras que não se compadecem com a possibilidade de, por isto ou aquilo, uns tantos especialistas a manusearem fora do controlo de técnicos qualificados.

Tem a palavra a Câmara Municipal de Sintra e a sua Divisão Cultural, porque tal património, certamente, deverá estar na sua posse para a salvaguarda institucional.

Antes que possa ser tarde.

terça-feira, 1 de julho de 2014

SINTRA: NOVO JUMBO, OUTRA AMEAÇA AO COMÉRCIO LOCAL

Quando em 2008 esteve em Discussão Pública um Estudo sobre o Impacte Ambiental do Centro Comercial JUMBO - Sintra, não se notaram preocupações de autarcas que, com dedicação, se sentavam em presidenciais cadeiras de Juntas.


Actual nome do troço da antiga Estrada de Sintra, frente ao LIDL em S. Carlos

Estranhou-se a indiferença das duas Juntas de Freguesia com comerciantes mais ameaçados, ambas com presidentes que, por ironia, possuíam (e possuem) estabelecimentos no Centro Histórico de Sintra.


Foto tirada junto à ribeira - Estrada Nacional 249

Por falta de iniciativas institucionais de autarcas, foi um grupo de cidadãos que promoveu a discussão pública, enviando opiniões e sugestões à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

Destacaram-se as implicações de um novo Centro Comercial, com diversos condicionalismos e ausência de soluções estruturais, impedindo a medição - mesmo aproximada - dos diversos impactos negativos e soluções adequadas.

Questões centrais apuradas na reunião pública e transmitidas à CCDR-LVT

Como é de boa prática, no Estudo do JUMBO (2008) constavam alusões ao elevado número de postos de trabalho. Mesmo assim, sabe-se agora que a Câmara o recusou.

(Um ano mais tarde (2009) viria o Fórum Sintra e em 2011 a Câmara Municipal dedicadamente apoiou as inscrições na "Bolsa de Emprego" no Palácio de Valenças, com alusões a 3300 novos postos de trabalho, nunca atingidos...mas adiante).

O Projecto JUMBO, significa um aumento da circulação rodoviária em vias (EN 249 e Rotunda de S. Carlos) sem dimensões e capacidade para maiores fluxos, onde os veículos com mercadorias para o Centro Comercial serão significativos;

A zona de implantação vista da Rotunda de S. Carlos - tráfego elevado e vias sem capacidade

O Impacte Rodoviário seria grande pelos novos congestionamentos de trânsito geradores de mais poluição ambiental, afectando as populações mais próximas;

O espaço, sendo tão vazio, obrigaria a medidas que atenuassem as agressões ambientais, tendo-se sugerido zonas verdes com árvores características da região de Sintra, enquadrando o Centro Comercial na imagem da nossa Serra.

Por outro lado, uma vez que os Estudos e Projectos continuam omissos, que entidade acabará por ser confrontada com a necessidade de suportar elevados custos com a reorganização da circulação automóvel no local?

Será a Auchan a suportar as acessibilidades? Ou a Câmara? 

A necessária defesa do pequeno comércio

Não tomámos a iniciativa de pronúncia sobre os malefícios para o comércio local, pois um dos presidentes de Junta também o era da Associação de Comerciantes. Outro, com próspero negócio. Não se veriam ameaçados pela abertura da grande superfície.

Foi o grupo de cidadãos que manifestou preocupações pelo surgimento de um novo e grande Centro Comercial pelos reflexos no debilitado comércio sintrense.

Uma alternativa - municipal - com elevado alcance social e cultural

É chegada a altura dos municípios ponderarem o fecho dos Centros Comerciais aos Domingos, para que as populações passem a ocupar o seu tempo de lazer em passeios familiares, visitas a museus, parques e jardins públicos.

As pessoas, as famílias, não podem ser empurradas para montras e espaços fechados tão longe da cultura. Claro que para muitos é o único recurso, quantas vezes confrontados com os preços praticados para entrarem em parques e palácios.

Ora, tudo isto deverá ser profundamente meditado, porque não será de mais Centros Comerciais que Sintra precisa, muito menos de um encostado ao outro.

Esperemos que o pequeno comércio seja devidamente acautelado.




Nota: Face ao novo prazo agora fixado, hoje mesmo foi enviado para a CCDR-LVT o documento aprovado e assinado por diversos munícipes em 27 de Fevereiro de 2008: