terça-feira, 11 de março de 2014

SINTRA: 25 DE ABRIL, ABRIR PARQUES E PALÁCIOS AO POVO

Aproximando-se a data festiva - hoje mais de luta - do 25 de Abril, enquanto se aguarda a todo o momento que a Câmara Municipal de Sintra divulgue o programa das comemorações, algo poderá sugerir-se para brilho das mesmas.



Que nunca mais uma Cerimónia Comemorativa do 25 de Abril em Sintra justifique o título de um artigo publicado em 2008 no Jornal de Sintra: 

SINTRA: 5 minutos, 14 segundos e 66/100
"Foi o tempo que durou a Cerimónia Comemorativa do 25 de Abril nos Paços do Concelho de Sintra. O que dizem ser o segundo maior concelho do País,fez jus a entrar para o livro do Guiness World Records".
O texto completo do artigo poderá ser apreciado no final desta página.

A Câmara Municipal como entidade dinamizadora

Aproximando-se a data que celebra os 40 anos de Abril, a mudança democrática é significativa no território sintrense, pelo que se justifica um apelo à participação Popular, daqueles a que a vida e a bolsa não permitem o usufruto cultural.

Neste dia, o abraço é do Povo, com o Povo e pelo Povo. 

Como gostaria de ver a envolvente dos Paços do Concelho cheia de crianças, escutando o Hino Nacional e a fanfarra, agitadas e alegres, dançando com adultos e num longo e fraterno convívio em espaço aberto, livres nos seus direitos.

E, como Sintra não se restringe à Vila e seu Centro Histórico, nem é palco para passageiras elites, todas as Freguesias - em articulação com a Câmara Municipal - utilizariam os seus autocarros para levar crianças como suas embaixadoras.

Os Povos fazem-se na rua, sem invocações de castas, sem a árvore genealógica a deitar folhas caducas sobre os passeantes. Foi por isso que Abril se fez.

Abrir Sintra ao Povo e fomentar o convívio 

Para incentivar os portugueses a viverem o que é deles, no 25 de Abril todos os Palácios, Parques e Castelo de Sintra deveriam estar-lhe abertos, sem a moedinha tilintante que selecciona os que a têm e as fecha aos desfavorecidos.

Estará nas mãos da Câmara Municipal de Sintra, em primeiro lugar, desenvolver os esforços necessários para que todos possam - livremente - circular nos diversos espaços do nosso território, numa grande jornada de fraternidade.

Confiamos que a Câmara Municipal dará, neste Abril, uma outra dinâmica às Comemorações, tornando-as mais dignas e sentidas pela população.

Abril precisa muito disso. 




A cinzento, porque assim foram as cerimónias, segue o texto publicado no Jornal de Sintra:

SINTRA: 5 minutos, 14 segundos e 66/100

Foi o tempo que durou a Cerimónia Comemorativa do 25 de Abril nos Paços do Concelho de Sintra. O que dizem ser o segundo maior concelho do País, fez jus a entrar para o livro do Guiness World Records.

O atraso verificado sobre a hora prevista para a Celebração, deu aquele toque sui generis de que Sintra tanto precisa, pelo exemplo de rigor com que estas coisas se devem fazer, permitindo que algum arrastado pudesse assistir ao solene momento. Mas, caramba, o esforço foi grande e na medida adequada aos celebrantes da histórica data que alterou o panorama político e social do País.

Habituados ao arrastar de processos, ao adiamento de soluções, aos meses e por vezes anos de espera pela resposta a uma qualquer reclamação, aos banho-maria com que frequentemente nos confrontamos, só alguém de má formação intelectual ou cívica poderá criticar a forma rápida como o 25 de Abril foi despachado.

Merece, até, que se inventarie como a Festa decorreu: A banda chegou às 10 horas e 6 minutos, fez mais uma intervenção a que se seguiu o Hino Nacional com simultâneo içar de bandeiras nos mastros do edifício. Depois, palmas dos poucos cidadãos presentes, cumprimentos ao maestro e lá foi a Banda de abalada. Tudo isto em 5 minutos, 14 segundos e 66 centésimas do segundo. Sem qualquer aumento de tempo!

Ficámos com uma das mais elevadas taxas de rentabilidade, mesmo de execução, permitindo-me não classificar de quê.

Neste dia, meios que são usados para o transporte de futebolistas, não se justificaram para levar crianças a assistir às comemorações de uma data com que se deveriam habituar a viver e a honrar. E como seria bonito o Largo cheio de crianças em festa.

É assim a vida, com constrangimentos compreensíveis se admitirmos que, a ter-se mantido o anterior regime, quantos dos nossos políticos teriam agora uma brilhante carreira, talvez até em Ministérios.

Na realidade, Abril foi tão magnânimo que a cada hora permite que se digam umas coisas e se façam outras. Por isso estamos tão pobres, quando nos prometem riqueza. Por causa disso, o 25 de Abril se foi transformando num dia que “dá sempre jeito” quando há pelo meio uma qualquer “ponte”, generosamente concedida.

As comemorações de Abril reflectem, antes de mais, a falência dos modelos de Cultura, tão referidos mas sem a devida implantação a partir dos primeiros bancos da escola.

Assistente de comemorações similares noutras partes do mundo, estes 5 minutos, 14 segundos e 66 centésimas de segundo, foram dos momentos mais dolorosos da minha vida, porque representam a ausência de verdadeiras intenções na realização Abril.

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