quarta-feira, 2 de novembro de 2011

SINTO-ME ENVERGONHADO, SR. PRIMEIRO-MINISTRO

Digo-lhe publicamente que me chocou ter escolhido o Brasil e o Paraguai para divulgar factos da intimidade portuguesa, sem nos ter dado conhecimento prévio.

O Senhor, tão elegante frente aos media, mas que às pinguinhas me assoberba (diria oprime) economicamente, disse no estrangeiro – onde não governa – que o meu País – onde eu estava e o Senhor não – tem de mudar o “regime económico”!

Longe, não se acanhou em alargar o prazo do esbulho de subsídios a trabalhadores e reformados, com os quais muitos iriam resolver compromissos e dívidas familiares.

Desabafo-lhe: - Quando, para enlevar votantes, o Senhor disse ser “o mais africano de todos os candidatos”, passei a ter reservas sobre as intenções políticas subjacentes. Foi o mote logo oportunistamente aproveitado por bajuladores…

A partir daí, estou atento ao que diz um dia e altera no outro, ao que dizia não fazer e faz, na esperança de poder limpar a imagem que criei sobre as suas contradições.

Ao preconizar, quase de pantufas, a mudança de “regime económico”, as hostes saudosas do 24 exultaram, confiantes de que só falta mudar o “regime democrático”.

Os Primeiros-Ministros não têm lapsus linguae. As pinguinhas avulsas são sinais para que neófitos Ministros inventem medidas que – se tivessem êxito – nos conduziriam a uma vida pior do que a que tivemos no anterior regime de figurino fascista.

É por isso que, entre a pretensa clareza que exibe, não refere os salários médios praticados na zona Euro, do Luxemburgo à Grécia. Nem compara o que auferem políticos e gestores de lá, com as escandalosas recompensas de cá.

As medidas que, numa quase incontinência governativa, impõe a quem vive do seu trabalho, afectam a estabilidade familiar e o direito a uma vida digna. Cortar salários, férias e subsídios, facilitar despedimentos, anarquizar horários de trabalho e aumentar impostos, são medidas contrárias à evolução dos povos e únicas na Europa.

Os portugueses não podem ser geridos como lixo. Por Vossa Graça, trabalhadores e reformados estão a ser geridos para pagar aquilo de que nunca dispuseram.

Onde está o nosso dinheiro? Quem o amealhou em offshores? Campeões de lucros, como PT, EDP e Bancos anunciavam milhões para distribuir dividendos. Falava-se dos milhões ganhos por administradores e amigos. Até na TAP…

Poderia ter anunciado, lá fora, que ia promover a moral pública. Criar Leis contra a promiscuidade e corrupção. Tribunais Especiais para julgar quantos, abusando dos cargos, desbarataram e distribuíram o dinheiro público com interesses eleitorais.

Tirar-lhe-ia o chapéu se anunciasse a redução da despesa pública com menos Deputados e em exclusividade para bem da transparência, menos viagens, menos dotações para partidos e subvenções. Mas não. Optou por castigar quem trabalha.

O Senhor, ao contrariar a evolução das sociedades, dá sinais de querer apenas duas castas: - A das barrigas fartas (Poderosos) e a das barrigas vazias (Trabalhadores).

Perceberá a minha vergonha pelo que disse lá fora.

Portugal não voltará ao século XIX.



2 comentários:

Anónimo disse...

Sr Castelo,

Infelizmente o senhor tem toda, mas toda a razão.

Muito interessante este seu artigo e muitas verdades são ditas.

Também eu me envergonho. Mas não apenas pelo que o nosso 1º diz. Também me começo a envergonhar porque cada vez estou com mais dificuldades em honrar os meus compromissos. Prejevo um futuro muito complicado para quem trabalha de forma honesta e o esforço que nos pedem já ultrapassa há muito o razoável.
Também não é este o caminho. Estamos feitos.Isto vai acabar muito mal.

Aceite os meus respeitosos cumprimentos,

João Figueiredo

Anónimo disse...

Estou de acordo como a apreciação que faz,tudo o que nos transmite é a realidade do nosso País e dos nossos governantes, ando muito preocupado, sou funcionário publico e nos meus serviços ainda não senti,qualquer corte,ou poupar tanto no material, como telémovens, telefones,águas,luz,deslocações e ajudas de custo dos politicos,festas e festanças.
Agora o Ministro Relvas acabou com a inspecção Geral das Autarquias, que de vez em quando ainda ia inspeccionando as autarquias, agora sim está tudo entregue à bicharada.
Amanhã é dia de inaugurações no nosso concelho mais uma visitado Presidente da Republica, e lá estão os autarcas da Câmara assim como os elementos das Juntas, mais uma corrida mais uma volta, assim vai o carrossel do nosso concelho.