terça-feira, 23 de agosto de 2011

SINTRA E O RESPEITO PELA ZONA RURAL

Como o Plano De Gröer tem duplicidades interpretativas, adoptado com rigor para o centro da Vila de Sintra mas menos valioso para as aldeias da zona rural, vamos aqui relatar mais uma das histórias de que a Abrunheira é fértil.

Diga-se, antes de mais, que a Abrunheira é uma das aldeias envolvidas na "Zona Rural de Protecção de Sintra" e pertence a uma das freguesias matriz de Sintra.

De tal forma, que a maior parte das construções não pode exceder os dois pisos, sendo fixado que a "margem de recuo obrigatório do eixo de todas (...) as vias deverá ter, pelo menos, 10 metros".

Imaginem os estimados leitores que, desejosos de viver numa aldeia sossegada, lá se instalavam, confiantes de que a Câmara Municipal preveniria toda e qualquer excepção às regras de construção e altura das cérceas, rondando os 6 metros.

Mas às vezes há surpresas.

Como esta que, de um dia para o outro,  apareceu na zona mais antiga da Abrunheira, na Rua do Forno, como se pode ver:


Vendo-se as construções ao fundo e do lado esquerdo da foto, certamente notarão alguma divergência estrutural, alguma incompatibilidade com as regras urbanas, quer de uma aldeia quer de qualquer outro espaço em zona habitacional.

Com uma cércea de 7,15 metros e a uma distância muito curta da via.


Tudo dentro da mais estrita legalidade. De tal forma que, em documento assinado pelo Senhor Presidente da Câmara, diz-se claramente que "a Rua do Forno e toda a sua envolvente próxima estão maioritariamente  inseridos na clase de espaços urbanos do aglomerado da Abrunheira, na carta de Ordenamento do PDM de Sintra".

Mas, no parágrafo seguinte, diz-se: "Num pequeno traço do lado nascente do arruamento, os terrenos próximos estão inseridos na classe de espaços industriais".

O azar de quem mora ali há 50 anos ou mais: maioritariamente a "envolvente" está inserida no PDM, mas um pequeno traço do lado nascente deu sem efeito o PDM!!!

Infelizmente para a Abrunheira, tal como a construção do posto de gasolina em zona residencial, esta obra ficará na história da passagem do actual Presidente da Câmara.

Estou certo que, mais cedo do que tarde, o "grandioso" armazém será apadrinhado pelas gentes da Abrunheira com o nome adequado. Por mim, já escolhi.


No mínimo, inacreditável...

13 comentários:

A.Bento disse...

Naturalmente que partilho das mesmas preocupações do autor do blog, é evidente que ninguém, incluindo quem licenciou esta obra, gostaria de ver nascer em frente das suas residências, um mamarraccho de tamanhas dimensões.
Muito addmira pois, que os altos responsáveis autarquicos, não sintam o minimo de vergonha com a sua assinatura ligada a estes licenciamentos esquisitos.
Todos sabemos como funciona esta engrenagem. Mas para se perceber melhor, poderiamos rever um artigo de opinião, da autoria do Professor Universitário Paulo Morais, inserido na revista Visão de 22 de Março de 2007, intitulado Urbanismo: Cancro da Democracia, aqui sim, dá para perceber alguns dos contornos para determinados licenciamentos de Alvarás. O cancro é uma patologia não transmissivel, mas pode ser hereditária, aqui reside o grande perigo desta doença. É tiste mas é assim, são muitos anos de existência da doença, não é agora nesta confusão que alguma coisa se altera para irradicar a mesma.
Já é muito antigo, os periodos de férias e do Natal, são alturas muito férteis para a concretização daqueles projectos, denominados de "encalhados", principalmente no Concelho de Sintra, nada disto é novidade, é só a continuação de mais do mesmo. Não vale a pena remar contra a maré, os donos e senhores deste tipo de situações é que têm os livros, o poder e muito mais. Por vezes e quando dá jeito, evoca-se o plano De Groeer, em outras prefere-se ignorar.

Anónimo disse...

Quando possuimos uma casa centenária, que necessita de substituição do telhado,pilares de suporte de parede,(exterior) para que a mesma não caía ,somos surpreendidos pela fiscalização da Câmara e com a amiaça de embargo, porque sou um municipe que só pago os meus impostos, e desconhecido, quando se constrói um armazém tal como se pode ver na imagem, está tudo dentro das normas, pergunto quantas classes de municipes existe no nosso Concelho.!!!

Paula Santos disse...

Ao que me parece a Abrunheira será ujm grande paraíso de más construções onde qualquer pessoa faz o que quer com todo o apoio da edilidade. Estes senhores da empresa "Aguilar........" como vem mencionado no aviso (foto publicada)sempre fizeram o que queriam da Câmara Municipal de Sintra, pena é que ninguém com t......... consiga parar estes mamarrachos. Na CMS os srs engenheiros têm várias bitolas que utilizam conforme as circunstâncias, não existindo uma normas mas excepções. Depois por outro lado temos o povo da Abrunheira qoe é pacifico e nos cafés acham que as coisas estão mal, mas tomar atitudes para ajudar resolver é mais complicado. Depois todos ficamos a viver no centro de "uma pequena bomba". Quando as coisas correm bem a tal construção até nem afecta, mas se por acaso algo correr mal já vem afectar. Enfim??? Quantos se lembram da antiga Lusoflex, que estava construida práticamente em cima das habitações (mas mais longe do que esta construção) e quando houve um grande incêndio "choveram" pedaços de telhas em cima dos telhados das habitações desta mesma rua (a lusoflex estava bem mais distante. Logo seria bom que todos os que vivem junto a este local se debrucem sobre esta construção e façam as reclamações ou queixas. Como diz o anónimo, para fazer uma substuição de telhado (obra de conservação numa moradia) é de imediato fiscalizado, uma obra desta envergadura segue em frente sem qualquer objeção. Grandes loobies................

Anónimo disse...

É verdade amigos, fui anteontem à Abrunheira e deparei com este esqueleto monstruoso ali na Rua do Forno e fiquei curiosa,sobre o que vai ali nascer e como foi possível ter sido aprovada tal construção naquela rua,em cima da via de circulação mas estou como os meus amigos...neste concelho e com quem o «desgoverna»,já nada me espanta!Tão pouco de faz e o que se faz,é atentado a quem cá mora.O cidadão autóctone,é maltratado,desrespeitado pelo poder autárquico, ignoradas as suas reclamações mas quando toca a multar,exigir de forma incorrecta,o mesmo poder autárquico é
,imediatamente,exercido.Sintra,Sintra, a quem estás entregue e tu,Abrunheira, adormecida na morrinha deste Verão, levanta-te da tua longa letargia...
Margarida Mota

Isabel Monteiro disse...

Respondendo ao comentário anterior, julgo saber a resposta, existem 2 classes de municipes no nosso concelho:
1 - Aqueles que têm pouco dinheiro ou nenhum e nestes casos é onde incide a dificuldade em aprovar um pequeno projecto para uma simples habitação e onde a fiscalização "acampa permanentemente";
2 - Aqueles que têm muito dinheiro e facilmente fazem aprovar qualquer projecto, seja ele mamaracho ou não e onde a fiscalização tem "alergia" em visitar, vá-se lá saber porquê...

Carlos R. disse...

Senhor Fernando depois de ler o último comentário fiquei a lembrar que um Abrunhense à algum tempo estava preocupado era quando faziam a central do lixo que diziam biomassa.Agora está calado.

Anónimo disse...

Amigo Carlos, naturalmente a central era instalada próximo da casa desse senhor, este mamarracho com toda a certeza fica longe. Mas de uma coisa todos temos a certeza, com o silêncio da população vai nascer bem na entrada da Abrunheira emplena zona residencial um edificio contemporaneo que vai deixar esta aldeia muito mais bela...............

Paula Santos disse...

Peço desculpa mas enganei.me a sinalizar e ficou anónimo mas o comentário anterior é meu.

A.Bento disse...

Só para vos situar como tudo isto é fácil, vou citar apenas umas linhas da resposta de um Chefe da Divisão do Urbaismo, a uma reclamação apresentada por mim em 2009:
"localizada na malha urbana existente na Abrunheira, e apresenta uma traça arquitectónica do tipo contemporânio que se insere e contribui para a valorização da zona envolvente próxima".
Uns meses depois, o que terá agora a dizer este mesmo Chefe de Divisão, a um projecto de Arquitectura deste tipo e dimensões, a 50 m2 de distância?

Paula Santos disse...

Por diversas "coisas" cheguei à conclusão que poucos ou até mesmo nenhum morador da Abrunheira está minimamente preocupado com esta situação (apenas os do costume), por isso ficam calados. Mais tarde, quando não houver nada a fazer, muito possivelmente vão arrepender-se. Mas o povo é mesmo assim.........

Sofia F. disse...

Ouvi dizer que esta obra foi ontem falada na Assembleia Municipal. Inclusive foram colocadas questões pertinentes às quais ninguém conseguiu responder. E está esta obra licenciada, não sabemos é como o foi................

Anónimo disse...

V-E-R-G-O-N-H-O-S-O!

Amadeu disse...

Estou a referir-me ao último, comentário ,será vergonhoso o licenciamento e a construção ,ou os onze comentários.