quinta-feira, 28 de julho de 2011

SINTRA 2001/2011: DIVIDIDA PELOS TRANSPORTES PÚBLICOS

Também nos transportes os direitos são diferentes

Os elevados aumentos nos transportes, decididos pelo governo, penalizam fortemente os cidadãos, entre eles os que optaram pelos transportes públicos em vez de viaturas privadas. Desta forma, muitos utentes poderão deixar de utilizar transportes públicos, facto que será aproveitado pelas transportadoras para reduzirem a oferta.

De qualquer forma, as medidas tomadas apenas mostram que a preocupação se fixa no aumento dos preços, sem que avancem politicas de transporte correctas, nomeadamente para a progressiva equidade dos sistemas tarifários e mobilidades.

No dia 29 de Agosto de 2002 (quase há 9 ano), em Assembleia Municipal, alertei para as implicações de, pelo menos, dois sistemas de transportes públicos, onde os residentes na zona Poente do concelho são fortemente prejudicados, comparativamente com os que residem entre o Cacém e a Amadora.

Sintra não começa nem acaba no Cacém. Os transportes de Sintra são muito mais do que os ferroviários. Os transportes rodoviários completam as necessidades dos utentes, que para isso pagam dos títulos mais caros da região de Lisboa.

Claro que, à Câmara Municipal de Sintra, dá sempre jeito que surjam visões restritas da problemática dos transportes sintrenses, enfocando na vertente ferroviária ou numa regionalização que resulta da divisão do concelho em dois.

A realidade exige medidas para que os sintrenses passem a ter direitos iguais.

Temos, então, que de Lisboa ao Cacém está disponível o sistema tarifário das Coroas de Lisboa, com módulo L123 a custar 63,25€ (aumento de 8,25€). Este módulo dá acesso a vários meios de transporte (rodoviário, comboio, metro, carris e barco).

Quem mora entre Cacém e Sintra, para chegar a Lisboa tem passes “Combinados”, só válidos para o transporte rodoviário e ferroviário, custando 69,40€ (aumento de 9,05€) na letra A e 91,55€ (aumento de 11,95€) na letra C. Nesta zona temos Rio de Mouro, Mercês e Mem Martins, com muitos milhares de habitantes.

Apesar dos preços praticados, a cobertura rodoviária não satisfaz as necessidades dos utentes, pois a partir das 20 horas as circulações quase são eliminadas.

Comprovando a deficiente cobertura do território, a CMS, através da EDUCA, teve em 2010 uma despesa de 398.778,92 euros para que fossem transportados 398 alunos residentes em localidades que não são servidas por transportes públicos urbanos. 

Sabe-se, ainda, que em 2010, a Câmara Municipal de Sintra, através da mesma EDUCA, pagou 1.349.082,46€ em senhas para transporte escolar. Um só Grupo transportador (não sedeado em Sintra) terá encaixado à volta de 80% deste valor.  

Os autarcas de Sintra, imbuídos de uma dedicação sem par, apresentarão razões para manter em banho-maria as desigualdades apontadas, apesar das incidências na vida diária e custos de milhares de famílias, além da economia do território.

Entretanto, continuamos vítimas da divisão, no caso a pretexto dos transportes públicos.


1 comentário:

Amedeu disse...

Também não concordo com o aumento dos transportes públicos, o povo já não suporta tudo o que nos estão a impôr, e sabe se lá o que mais virá aí, só nos dizem aos poucos, mas quero fazer um comentário que me deixou com muita mágoa, já à muito que não utilizava o comboio para Sintra, e hoje verifique que a CP /Refer, não está nada ralada com a limpeza dos comboios, estão um mojo, será que os turistas que nos visitam e andam neste meio de transporte se sentem com algum conforto?
O que lhes passará pela cabeça, onde estão os gestores, os chefes e toda esse gente que por tudo e por nada fazem greves e nos deixam apiados, não se ralam com o bem estar do próximo, ou será que estão à espera dos aumentos, para podem efectuar as limpezas, faz-me lembar um velho ditote do meu avô, (O Portugal, Portugal que nunca te viste assim, quem me dera ser interno para ver o teu triste fim ).