terça-feira, 31 de maio de 2011

SINTRA 2007/2011: MÁ LIÇÃO DE HISTÓRIA

1324 dias depois  que se passa com a fonte?

Meus amigos, imaginarão a tristeza com que escrevo esta crónica.

Sintra, com uma riquíssima história, não pode depender de quem não tenha o estofo e a sensibilidade adequados ao prestígio adquirido em séculos.

Sintra foi sempre um concelho de gentes de trabalho, nos campos ou fábricas, uns cá nasceram, outros para cá imigraram, todos convergindo no desejo de uma melhor vida colectiva, mais cultura e desenvolvimento.

Sintra e os seus habitantes, os que aqui pagam os impostos e passam sacrifícios, são credores do maior respeito na forma de gerir e investir a riqueza produzida.

"Fora de cena, quem não é de cena", diz-se no teatro. Sintra não é palco para muitos políticos encenarem virtudes em busca de melhores carreiras.

Sintra ensina história mas não a recebe de ninguém. Mal estará quem não consiga compreender esta doutrina.

A fonte neo-manuelina da Estefânia, na Vila de Sintra

Inauguração (?) no Largo Afonso de Albuquerque, na Estefânia

Uns tempos depois, ainda no local original      
As imagens, só por si, já são peças históricas, porque representam uma época em que os padrões éticos e a dedicação a Sintra eram exemplares.

Na primeira quinzena de Outubro de 2007, a parte superior da fonte foi roubada.  Foi notícia com fotos na edição de 19 de Outubro do Jornal de Sintra.

Dias depois, retiraram a parte não roubada (peanha e pias) e, com rapidez pouco usual em obras camarárias, o passeio foi reconstruído sem a mais pequena lembrança da fonte.

Decorridos quase três anos, em 10 de Agosto de 2010 pedi ao Sr. Presidente da Câmara informações sobre o “referido espólio histórico”. Sem resposta, no dia 22 desse mês publiquei um artigo no blogue http://sintradoavesso.blogspot.com , cujo espaço foi disponibilizado com a maior gentileza pelo seu administrador João Cachado, um amigo de Sintra.

Em Ofício de 27 de Setembro de 2010, a Sr.ª Directora do Departamento de Cultura, Turismo, Juventude e Desporto informou: "(...) os serviços camarários recolheram toda a restante estrutura, aguardando-se a concepção da cantaria em falta, após o que será, instalada a fonte no seu local de origem”. Informou também: “Todavia, não podemos nesta altura indicar, uma data previsível para a sua colocação”.

Recolocação da fonte é cumprir a história cultural de Sintra

Quase seis meses depois (9.3.2011) solicitei à mesma Sr.ª Directora novas informações sobre o fontanário e data prevista para a sua recolocação, tendo insistido no dia 9 do corrente face ao silêncio camarário.

Três anos e meio depois de retirado, estranha-se a dificuldade em recolocar o fontanário no anterior local, considerando, até, a facilidade com que a Câmara Municipal de Sintra – no mesmo espaço de tempo – investiu 8.500.000 euros na área desportiva, como recentemente o seu Vice-Presidente anunciou (*).

A recuperação do fontanário não dependerá de verba e, para o atestar, na última sessão camarária o mesmo Vice-Presidente propôs mais 307.500 euros para subsídios a 61 clubes e um Núcleo de Árbitros, o que só por mero acaso terá coincidido com o período eleitoral.

Decorridos 1324 dias sobre a data do roubo (contados até 31 de Maio de 2011) é urgente saber-se o que está a obstar à visibilidade pública do fontanário histórico, para satisfação e descanso de quantos se preocupam com a defesa do nosso património.

Sejam quais forem as razões que justifiquem este desagradável episódio, à volta de uma peça patrimonial que tanto está no coração de todos os sintrenses e, em particular, no dos residentes no bairo da Estefânia, justo é esperar que um bom desenlace nos surpreenda.

Só resta é saber quando... 




 (*) - Por favor, para ajuda, ver o vídeo:

domingo, 29 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

BELAS 2008 E OS CAÇA-VOTOS “AFRICANOS”


Não ficaria mal que, ao menos na campanha eleitoral, alguns políticos tivessem o cuidado suficiente para não se transformarem em puros caça-votos.

Compreenderia, com elasticidade, que Passos Coelho referisse os seus sonhos africanos, restringindo-os às suas ligações e sentimentos familiares.

Agora que o presidente da Câmara de Sintra se destacasse perante Passos Coelho como “africanista de Massamá” era coisa impensável. Porquê?

Embora desta vez não tenha resvalado  (ainda) para o campo das carências alimentares dos alunos (tema tão caro uns tempos antes das eleições de 2009) parece ter existido um certo cuidado no circunscrever do “africanismo”.

Realmente em Belas, juntinha a Massamá, no dia 18 de Fevereiro de 2008, duas Senhoras africanas morreram quando a sua viatura foi arrastada para o rio Jamor, depois das águas derrubarem o muro de segurança junto à estrada e que as deveria ter protegido.

Os vizinhos "africanos" ou os agora "africanos" candidatos e seus amigos, pouca atenção deram, naquela época,  à tragédia que enlutou duas famílias.

Não existiram manifestações de africanismo e, por parte da câmara, só mais de quatro meses após o acidente, em Sessão de 25.6.2008, surgiu uma proposta (do Vereador Marco Almeida) para a atribuição de uma comparticipação financeira de 200 € à Cooperativa “Os Leõezinhos” para apoio aos familiares das vítimas.

Nessa altura, um Advogado anunciou que iria mover “um processo contra a câmara de Sintra e a Estradas de Portugal” mas,  dois anos depois,  os familiares das vítimas (africanas) souberam que o processo nem tinha dado entrada no tribunal. O Advogado, esse, viria a deixar de representar a família das Senhoras falecidas.

Destaque-se um facto relevante: - Segundo o Advogado, o processo não deu entrada no tribunal “uma vez que durante o tempo decorrido após o acidente se encontrava a aguardar documentos solicitados à Câmara de Sintra e à Estradas de Portugal.”

Agora, com a nova adesão ao "africanismo", seria importantíssimo saber-se das razões pelas quais a CMS não forneceu no tempo a documentação pedida pelo Advogado das famílias das vítimas, comprovando a dedicação à boa causa que os tribunais decidiriam.

Em questões de “Africanos” e “Africanismos” estamos bem elucidados.

Que lamentável forma de fazer política!...



Para melhor elucidação, por favor leia a notícia da LUSA, publicada no PÚBLICO:

terça-feira, 24 de maio de 2011

2011 - UMA COLAGEM DE MARKETING

Estou certo que os leitores já se aperceberam que, subitamente, surgiram em variadas situações os anexos 2011.

Há dias, pelo seu interesse na apreciação da classe politica, recomendei o vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=Opk2s9cFF44&feature=related) que tinha sido editado pela TV PORTUGAL 2011.

Temos também o (copyright) PSD 2011 e o hino PSD 2011, mais o Portal Promocional PSD 2011 e o Programa Eleitoral do PSD 2011.

Se tivermos em conta que o slogan foi o inicial grito de guerra dos celtas, a utilização de PSD 2011 corresponde a um forte incentivo para a campanha em curso.

Parecendo uma colagem à campanha, Sintra arranjou um Fórum SintraViva 2011 que, por coincidência, durará de amanhá até ao dia das eleições legislativas, alegadamente para comemorar em festa o encerramento do ano lectivo. 

Curiosamente em 2010 não se justificou tão festiva comemoração...

Dando sinais de nada ter a ver com as dificuldades financeiras que o país atravessa, os autarcas deveriam ter cautelas para que a realização de tal Fórum não fosse interpretada como colagem à campanha eleitoral.

Claro que o chavão 2011, usado pelos mesmos políticos que prometeram a Dedicação Total, não ajudará muito a Passos Coelho, mas evitava que a Lei da Transfusão desviasse as pessoas da ponderada avaliação que devem fazer.

Como os eleitores não são ingénuos, precisam de políticos combatentes que usem a palavra-chave da credibilidade: confiança.

domingo, 22 de maio de 2011

CURIOSIDADES...

O GRANDE BANQUETE...





                                                                                           

sexta-feira, 20 de maio de 2011

SINTRA: A BOLSA QUE ILUDIU DESEMPREGADOS

                  Falando português: CRIAR = gerar; inventar; nascer

No passado dia 14 de Março foi aqui abordado o grave problema do desemprego em Sintra, nitidamente influenciado pela estagnação a que o concelho chegou.

Ora, a propósito da abertura do Fórum Sintra, as baterias da propaganda dispararam mais umas ilusões com milhares de empregos que iriam ser “criados”, desempenhando o site da CMS o seu papel e o Presidente da Câmara, Dr. Fernando Seara, a enaltecer a criação de 3300 postos de trabalho, sendo 2500 directos.

Eram “bolsas de emprego”, instalou-se com pompa e circunstância um “posto de candidaturas” no Palácio Valenças, era emblemática a citação do “CRIAR”.

Ninguém, por exigível seriedade institucional se preocupou em falar claro, isto é, com virtuosos conhecimentos, destrinçar entre os postos que já existiam (do antigo Feira Nova) e os efectivamente criados com a nova estrutura.

Infelizmente, os exibidores da bandeira dos 3300 postos de trabalho, ter-se-ão esquecido de efectuar estudos sobre os reflexos no comércio local e garantia de emprego.

Passada a psicológica onda publicitária, na inauguração do espaço o Presidente da Câmara de Sintra garantiu “que os sintrenses ganham sempre que lutam (…)”, sem explicar bem o que terão eles ganho ou qual a luta que terão travado para ganhar o Fórum.

Vejamos, agora, a influência que o Fórum Sintra teve nos desempregados de Sintra, que em Janeiro de 2011 eram 18.134.

Em Março, estavam inscritos em Sintra 18.123 desempregados.

No final de Abril, com o Fórum Sintra a funcionar, os desempregados eram 18.033.

Portanto, de Janeiro até ao final de Abril, com os tais "criados" “3300 postos de trabalho”, apenas houve menos 101 desempregados inscritos.

Como os números não enganam, deve dizer-se que com Curso Superior passaram a existir mais 56 desempregados em Abril, atingindo nesse mês o total de 1414.

Entre Janeiro e Abril, os desempregados com menos de 25 anos aumentaram 85.

Em Abril, aumentaram os desempregados com habilitações inferiores ao 1º Ciclo (+ 33 que em Janeiro); com o 2º Ciclo EB (+ 30); e com o Secundário (+13).

Apenas diminuíram os desempregados com o 1º Ciclo EB (- 179) e 3º Ciclo EB (- 54).

Perante estes dados, os políticos de Sintra, que tanto se orgulham dos investimentos em estruturas desportivas, devem espelhar-se no aumento progressivo de desempregados com mais qualificação, nomeadamente com Cursos Superiores.

Por seu turno, o Senhor Presidente da Câmara, face às amplas difusões sobre os 3300 postos de trabalho, deveria ajudar-nos a saber quantos foram efectivamente criados no Fórum Sintra, bem como a incidência que os mesmos tiveram na “bolsa” dos Desempregados Sintrenses.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

CURIOSIDADES...

Para amantes de futebol de praia...

Moeraki Boulders (NZ)


segunda-feira, 16 de maio de 2011

POLÍTICOS E OPINIÃO PÚBLICA


"Pode enganar-se toda a gente uma vez. Pode enganar-se sempre uma pessoa. Mas não se pode enganar sempre toda a gente" (das técnicas do marketing político)

No vasto ramalhete de políticos,  boa parte dá-se mal com as opiniões públicas quando as mesmas não lhes são dedicadamente favoráveis.

Segundo Roger-Gerard Schwartzenberg, as modernas técnicas de comunicação conduzem ao chamado "star-system político", onde os media assumem cada vez mais peso e o movimento das ideias se torna cada vez menos interessante. Como reflexo, a democracia é sempre relegada quando os políticos ambicionam ser "star".

Com frequência,  somos confrontados com repetitivas entrevistas, ou com acontecimentos menores a que as equipas televisivas acorrem sem se saber bem como são convocadas mas onde – com suprema sorte e benfazeja felicidade – lá encontram o político ambicioso.

Há um evento televisivo?  Só com muita sorte não temos de ver os mesmos rostos, por vezes com os corpos a destacarem-se dos outros convivas,  num exercício de exposição a que as câmaras não conseguem fugir a mostrá-los.

Para garantir o êxito da teoria do MKT político conhecida por "efeito de sedução", muito políticos recorrem e invocam laços afectivos e ligações familiares, não se importando nessa altura de passar para o exterior pormenores da vida privada para benefícios do foro político.

Se o ritmo de dar nas vistas é elevado, o político alvo da atenção corre o risco do hábito ser mau conselheiro quanto à preservação da imagem, a qual fica muitas vezes sem resguardo.

Como consequência, sujeitam-se à avaliação da opinião pública pelos actos praticados enquanto políticos e de muitos que o não são.

Aos cidadãos que se empenham na causa pública acaba por ser difícil definir as fronteiras entre o que deve ser do foro pessoal (que muitas vezes é usado em público)  e o que decorre da exposição pública, com notícias e outras formas de publicitação de índole política.

Sabe-se que,  com certos recursos,  políticos há que conseguem calar boa parte dos media, contando com eles para a preservação da imagem e, por vezes, para o silenciamento.

Como,  por duas vezes, fui convidado para ser político e não aceitei, sinto um grande à-vontade na minha política de apreciação, procedendo a recomendações como fiz para o vídeo  http://www.youtube.com/watch?v=Opk2s9cFF44&feature=related  já que o mesmo, em minha opinião, representa uma peça ímpar para a avaliação dos políticos sintrenses.

Posso garantir que, pela minha parte, continuarei a apreciar os actos políticos, independentemente do respeito que, a nível pessoal, os políticos me mereçam.


sábado, 14 de maio de 2011

CURIOSIDADES...

Pronto para a luta de galos...

Foto tirada por: Fernando Castelo 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

SEARA PASSA A PALAVRA ou O TESTEMUNHO?


Se não estivéssemos perante eleitos para cargos na administração local, justificando respeitos bilaterais, seria levado a pensar que o vídeo abaixo sugerido não passava de uma peça de teatro, por sinal mal ensaiada.

O primeiro acto sugere a preparação da cena, que se inicia com a manifesta gratidão pelo “total apoio da nossa autarquia".

Fernando Seara entra de frente na imagem e diz “é com muito gosto que vim cá, mas vim cá a título particular. Quem representa a Câmara é o Sr. Vice-Presidente,  portanto eu vou sair daqui e vou para o título particular" , seguindo-se a saída de cena.

Notam-se risos e alguém diz: "é uma situação assim um bocado...".

No acto seguinte, o Vice-Presidente saúda "o cidadão professor Fernando Seara que está aqui, claro que não está aqui como…apenas como cidadão, é o Presidente da Câmara" e, de forma laudatória, aborda a dedicação presidencial no campo social e em apoios financeiros: - "este ano, também com investimentos a concretizar na área desportiva...".

Aos 2m e 38s do vídeo, as palavras dirigem-se ao Presidente da Câmara que tinha dito ir sair dali, mas continuava a "título particular".

A apoteose surge aos 2 minutos e 51 segundos, quando o Vice-Presidente se dirige ao Presidente (que não tinha saído) e completa: - "Eu tenho a obrigação aqui de dizer que, por sua indicação, nos últimos três anos e meio a CMS quer em infra-estruturas próprias, como por exemplo o complexo desportivo da Educa que foi comprado e recuperado em cerca de 4.000.000 de euros, quer também em apoio a infra-estruturas desportivas dos clubes, já foram investidos por parte da Câmara Municipal de Sintra 8.500.000 euros”.

Caído o pano, pensei se o aludido “complexo desportivo da Educa” era o mesmo que justificou o pedido de empréstimo bancário de 4.800.000 euros e se chamava Fitares. Se é o mesmo, terá sido mais barato? Se sim, onde foram aplicados os restantes 800.000 euros?

POLÍTICOS Á DERIVA com MILHÕES PARA DESPORTO

Fazendo fé nas palavras ditas, temos a desportiva aplicação de 8.500.000 euros durante os últimos três anos e meio, quando os mesmos autarcas salientavam - a partir de Maio de 2009, com eleições à vista – as dificuldades e abertura de 5 refeitórios escolares aos fins-de-semana, para responder às carências de alunos.

Aliás, em 13 de Julho de 2010, aquando da visita do Presidente da República a algumas escolas, Fernando Seara terá afirmado "que andou a rapar tudo o que era possível no orçamento da autarquia, para reforçar as verbas para a educação, isto é, para o apoio social (...)". E o Vice-Presidente esteve lá.

Para ajudar à imagem miserabilista que foi lançada sobre todo o concelho, no encerramento da IV Jornada do Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras, Fernando Seara, na qualidade de Presidente da CM de Sintra afirmou:

"Sentimo-nos à deriva, objecto de medidas contraditórias que se vão sucedendo e destruindo, durando algumas menos do que a cinza de um cigarro que se apaga. Sentimo-nos carentes de horizontes e de rumo, inseguros e ansiosos".

Coisa estranha: - Por esta altura já os 8.500.000 euros andavam a ser distribuídos, sem cautelas de poupança nem a rapar o que quer que fosse.

São os tais mistérios sintrenses, mesmo que agora – passadas as eleições – já não se fale nas crianças carenciadas.

O endereço do vídeo sugerido:

segunda-feira, 9 de maio de 2011

AFINAL HÁ OUTRA...BANDEIRA


A Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) é uma muito independente organização não governamental,  prestigiada na Europa pelos confiantes indicadores (qualidade das praias) que fornece a milhares de turistas.

Daí que, por todo o nosso país, a exibição das bandeiras azuis seja um grande motivo de orgulho dos municípios detentores de tal honra, face às exigências que as regras fixam.

Mas Sintra é diferente.  Entre Mafra e Cascais, na costa sintrense, não existem bandeiras azuis, segundo consta - e custa a acreditar que assim seja - porque os nossos autarcas/gestores discordam das regras de atribuição da ABAE. 

A confirmar-se a teoria da discórdia, talvez estribada em olhos bem abertos e perscrutadores que se dedicaram exaustivamente ao texto das regras, aquela bandeira azul, que há anos é prova de confiança de banhistas e turistas, em Sintra pouco vale.

Mas descansemos. Há a outra...

Graças à incansável dedicação prometida, tudo indica que vamos ter uma bandeira azul e amarela (as cores de Sintra) assim como que concorrente da só azul e branca que já tivemos.

A nova bandeira,  cujas regras de atribuição se adequarão às exigências autárquicas – senão a escolha seguiria cor a cor até à decisão final – tem o nome charmoso e romântico de "QualityCoast" e  foi atribuída por uma organização com sede na Holanda, a EUCC - The Coastal & Marine Union. 

É verdade, esquecia que o prémio será entregue em Chipre, dentro de dias.  

Com as dificuldades que atravessamos, como será constituída a comitiva que vai receber o prémio?

Mais uma grande realização dos mentores do turismo sintrense.

domingo, 8 de maio de 2011

CURIOSIDADES...EM TEMPO ELEITORAL

A foto de ontem, tal como a de há dias (mãos suplicantes) e a de hoje, aqui publicadas, representa as várias fases daqueles políticos que, pouco valendo, acabam por não ser merecedores de muito mais que as suas caricaturas.

Local onde se encontram? Exactamente no วัดร่องขุ่น.

Foto tirada por: Fernando Castelo

sexta-feira, 6 de maio de 2011

CURIOSIDADES...


Foto tirada por: Fernando Castelo




TROIKA, IMI E PSD

 
Nunca pensei que um dia passasse pelo vexame de ontem, quando a TROIKA explicou as suas conclusões sobre o que viu e acedeu, referindo a dureza das medidas que vão atingir amplos sectores da sociedade portuguesa.

Não fui enxovalhado pelos conferentes.  Fui enxovalhado por neste país - que está recheado de gente capaz, mas afastada por ser séria - termos tão ampla e tão sinistra gente a desbaratar as finanças e os fundos que são de todos.

Não digam que a culpa é de Sócrates e limpem-se as mãos. A culpa é de Sócrates, de amigos de Sócrates, de inimigos de Sócrates, de toda uma chusma de governantes e autarcas, que descontrolaram, que nos empenharam, que usaram o que é de todos para objectivos tantas vezes de eleitoralismo bacoco.

Somos vítimas de megalómanos de fachada democrática, políticos "trai-trai" que não cumprem os programas eleitorais e de outros que tão depressa dizem como desmentem.  

Não seria difícil encher esta página com exemplos de mestres habilidosos, de gastadores e esbanjadores do nosso dinheiro,  de ambiciosos sem alma pátria.

A conferência, além de exemplar na organização, mostrou muito mais respeito pelo povo português do que é manifestado por uma imensidão de políticos que cá temos.  

A delegação internacional não veio cá para fazer palhaçadas, nem falar de futebóis, porque o seu jogo é no campo da economia.

Os jornalistas, com um aviso inicial sobre o formato das perguntas, aperceberam-se de um novo cenário de intervenção e de regras mais finas.

Saltou à evidência a qualidade técnica da TROIKA, marcando a distância a que se encontram de muitos políticos da nossa praça, activos no protagonismo em vez de decisores na resolução dos problemas das pessoas.

Para nossa vergonha, foram precisos três técnicos estrangeiros falarem-nos de transparência e que a "chave vai ser um controlo muito mais apertado nas empresas públicas" e, ainda, que terão de existir "reformas estruturais no sector público, por derrapagens nos gastos".

Além do Governo Central, as responsabilidades atingem os autarcas, os maus gestores, a quem os empréstimos bancários foram concedidos sem noção das responsabilidades assumidas ou – ao menos – conhecerem os porquês.

Também os partidos políticos, falem de que forma falem, quando buscam lugares em administrações, quando manifestam dependências para uns lugares aqui e ali em vez da luta contra a degradação da sociedade, acabam por estar metidos na mesma teia.

Não tenho palavras para expressar a minha indignação.

IMI – O EUROMILHÕES DAS AUTARQUIAS

O IMI, tal como tem evoluído, constitui uma das mais injustas penalizações fiscais inventadas e aprovadas pelo PSD quando Ferreira Leite era ministra das finanças.

À TROIKA terá sido omitida a realidade desse imposto, quase restringido a novos registos ou transmissões a partir de 2004. Embora a sua adaptação total esteja prevista até 2013, a grande maioria do imobiliário continua por actualizar, originando desigualdades tributárias escandalosas e que continuarão a manter-se.  

Em síntese,  por ironia,  um imposto criado pelo PSD  (IMI)   vai penalizar ainda mais as famílias, situação que,  obviamente, não poderia ser contestada pelo maior partido da oposição.

As casas compradas por jovens ou por famílias mais debilitadas, serão sobrecarregadas pelo aumento do IMI,  enquanto abastadas e luxuosas zonas terão aumentos pouco significativos.

Impõe-se o surgimento de novos político, sem vícios, dedicados à recuperação do país.

Por outro lado,  os mandatos não devem ter mais de quatro anos de duração, para bem da moral pública, da clareza da actuação e de participação colectiva.

Manter-se como está, é apenas adiar e comprometer as soluções para o país.

Fernando Castelo

quinta-feira, 5 de maio de 2011

TURISMO DE SINTRA (I) - O ELÉCTRICO

Imagine-se comprador de uma daquelas revistas (8 euros), que publicam notícias com caras em papel couché, certamente destinadas a camadas ou patamares seleccionados.

Uma delas, a revista Briefing de Fevereiro de 2011*, para alimento do campo do Marketing Territorial, entrevistou Fernando Seara, presidente da CM de Sintra, e - entre frases e máximas repetitivas - convidou-o a "traçar o roteiro de um dia bem passado em Sintra".

O roteiro, sem quaisquer rebuços ou reservas, logo recomendou o começo do dia com "uma fantástica viagem no velhinho eléctrico de Sintra", o tal que há algum tempo era chamado de "comboiozinho" quando, de trem, dava uma entrevista/passeada na Volta do Duche.

Estando o meu amigo bem instalado na vida, facto atestado pela compra da revista, estou a imaginá-lo logo a caminho de Sintra, seguindo as recomendações do autarca.

Chega a Sintra, atravessa a única zona pedonal - a da Estefânia - e dirige-se ao local onde sonhava apanhar o eléctrico. Zás...o tão fantástico transporte não está a funcionar.

Dir-lhe-ão, suavemente, que talvez lá para Junho e, sendo turista de sextas, sábados ou domingos, o poderá utilizar. Se for turista de segundas a quintas-feiras, terá de voltar num dos outros dias com a família. Assim mesmo, o velhinho eléctrico tem uso entremeado.

Desiludido por ter acreditado naquilo que, em termos práticos, parecia ser uma verdade institucional, regressa pela Rua Heliodoro Salgado e, como recordação de Sintra, do Castelo e do Palácio da Pena, resolve fotografar a serra.

Ao rever a foto, para ver se está bonita e bem tirada, descobre que foram lá postos uns contentores de lixo e outras recolhas, com um possível amontoado de lixo à volta. Até o busto do Sr. Dr. Simplício dos Santos, um respeitável sintrense, aparece disfarçado no meio de tão torpe panorama.

Depois, para vergonha de Sintra e do seu bom nome, em abono do empenho dos autarcas faladores da Sintra Romântica, só lhe resta colocar a foto na net, preferencialmente no Youtube. A imagem tipo é esta:


A vergonha, de tantas vezes ter sido alertada, já não justifica mais palavras.

O que custa é a total inépcia para adequar a promoção turística ao rigor e às responsabilidades que a mesma acarreta, sob risco de um dia ninguém acreditar no que é propagandeado cá dentro e lá fora.

Fernando Castelo

* Na entrevista, com 7 (sete) páginas, fala-se em queijadas e travesseiros, mas nem uma só vez há referências ao Museu Arqueológico de Odrinhas. 

Que exemplar incentivo ao turismo cultural!

terça-feira, 3 de maio de 2011

FRIGIDEIRAS, TACHOS E PANELAS

Recomendo aos meus visitantes a leitura do artigo de Paulo Pena, sobre a crise (e saída dela) da Islândia, publicado na edição de 28 de Abril da Revista Visão.

Nela se relata a forma como os islandeses tomaram nas suas mãos o destino do país.

A indignação popular obrigou a que pegassem em frigideiras e batessem tachos e panelas para protestar contra a degradação das condições de vida.

A incapacidade dos políticos ou a promiscuidade entre eles e a alta finança, levou os movimentos populares à descoberta de não-políticos dispostos a resolver a grave crise que os afectou. Dessa forma, surgiu um novo partido - o "Melhor Partido" - que viria a ganhar as eleições para a capital com 34% dos votos.

No mesmo artigo, pode ler-se que "O Supremo Tribunal islandês vai reunir-se em breve para julgar o ex-primeiro-ministro Geir Haarde, acusado de incompetência e má gestão".

A exigência de uma verdadeira moral pública levou a que o povo tenha eleito 25 pessoas "comuns" para reescrever uma nova Constituição.

E nós por cá?

Quando são cada vez maiores as preocupações sobre o que nos reserva o futuro, parece que muitos decisores políticos vivem noutro planeta, aparentemente pouco sensíveis à exigível boa gestão dos dinheiros públicos.

A crise que se atravessa é, ainda e apenas, dos normais cidadãos, dos administrados, parecendo que os dirigentes, os autarcas, ainda se sentem com poderes e autoridade para decidirem como muito bem lhes apetece e interessa.

Há dias, este blogue referia a ligeireza com que a maioria absoluta que governa Sintra decidiu aplicar 843.901,51 euros que (providencialmente) a EDP devolveu em Março deste ano, depois de os ter cobrado a mais entre 2007 e 2010, sem que na CMS dessem por isso. 

Ora, com tantas e faladas dificuldades quando é preciso acorrer aos eixos, patamares e vertentes (é assim que falam...) social e cultural, logo foram destinados 300.000 euros para "Projectos na Área Desportiva". Com Projectos e beneficiários à altura desconhecidos.

Estranhamente, surgem agora uns flashes sobre regras e aplicação de contratos programa, quase à la carte, misturando diversas áreas mas citando expressamente instituições desportivas de zonas mais povoadas. Não faltou a mensagem nitidamente subliminar de "foi comigo".

Em lugar da devida análise territorial e inventariação das carências, para a resolução directa dos problemas e anseios das populações (às vezes apenas querem um jardim ou uma pequena biblioteca) deixa-se no ar o convite à corrida para apresentação de projectos.

Se tivermos em conta as alusões, facilmente se deduz que estamos perante uma forma pouco equilibrada de desenvolvimento, mantendo afastados os núcleos menos populacionais, perfeitamente conhecidos dos autarcas, mas não credores de tanto entusiasmo.

O exemplo islandês de mobilização contra as situações anormais, exigindo transparência e soluções justas, deverá ser tido em conta pelos nossos políticos.

Quando deixarmos de ser tão tolerantes e tomarmos a consciência dura de quanto parcial e negativa tem sido a gestão feita pelos nossos políticos, muito da nossa sociedade irá mudar.

Antes, também com tachos e panelas a bater, o ruído fará com que nos oiçam.

Vamos ver como será em Sintra.

Fernando Castelo

segunda-feira, 2 de maio de 2011

VÍRUS E JOGO DO BERLINDE

A propósito do "vírus" que por aqui apareceu - suavemente referido em 28 de Abril -  recordarei aquele fabuloso jogo do berlinde, a que a minha geração tanto se dedicou.

Os jovens de hoje, com programas de toda a espécie guardados no  notebook e jogos variadíssimos, até com comando por gestos, desconhecem como antigamente se ocupava o tempo fora dos horários escolares.

Havia os jogos do alho, do pião, o salto ao eixo. As bolas de trapo, que nos levavam a "furtar" umas meias às nossas mães e justificavam uns açoites quando ela descobria, permitiam grandes jogos de futebol. Tinhamos as caricas que se enchiam com lastro para mais pesarem e onde muitos cromos de futebolistas se colavam para formar equipas. Tinhamos ainda o arco e a gancheta. Mas o jogo do berlinde era uma das principais diversões dos jovens.

Bons tempos. 

Nos intervalos das aulas, à beira de uma rua ou num qualquer espaço com terra, o calcanhar da bota (naquela época os ténis de borracha eram um luxo) rodava e fazia três covas com alguma distância entre elas. O "estádio" estava pronto.

Se existisse parceiro o jogo começava. À falta dele jogava-se sozinho, a modos de treino.

Mas nos berlindes (chamávamos bilas) existia uma estrutura: A mais elevada hierarquia eram o "mundo" e o "contra-mundo", seguindo-se o "abafador", tinhamos depois o "papa" mais a "leiteira" que não podia ser abafada e, finalmente, os berlindes que eram assim como que soldados rasos. 

Tinham de ser medidos palmos, havia peritos no acerto (às vezes os berlindes até se partiam) e até se avisava o adversário que era a "matar".

Jogador que se orgulhasse tinha de ter alguns berlindes tirados da garrafa dos "pirolitos", uma bebida muito agradável parecida com a gasosa. Uma das nossas grandes curiosidades era saber como tinha entrado o berlinde para dentro da garrafa.

Começado o jogo, havia um empenho total por parte dos jogadores e dos assistentes.

No meio da furiosa contenção, nem sempre os jogadores se acautelavam e, de repente, quase traiçoeiramente, algum saltava sobre o jogo e apanhava os berlindes da competição, mostrando nessa altura um "contra-mundo" ou "abafador" que justificavam entrar na posse dos bilas que eram dos outros.

Gerava-se burburinho mas o certo é que os berlindes eram abafados.

Hoje em dia o sistema de abafar é mais científico. Não há bilas mas há outros meios mais sofisticados e mais impróprios.

É a vida, ou antes, são as ambições.

Um abraço,

Fernando Castelo

domingo, 1 de maio de 2011

PRIMEIRO DE MAIO


SAUDAÇÃO AOS TRABALHADORES,

Daqui quero enviar uma fraterna saudação aos trabalhadores deste País, muitos milhares deles atravessando sérios problemas sociais por estarem no desemprego.

Hoje é um dia de luta, como forma de se honrar todos aqueles que em 1886, em Chicago, foram vítimas de uma repressão feroz, por apenas desejarem uma jornada de oito horas.

Quando se assiste à permanente tentativa de desregulação das condições de trabalho, os trabalhadores não podem ficar indiferentes.

Após o 25 de Abril, alguns iludidos da política, outros capciosamente mal intencionados, a tudo recorreram para destruir a unidade dos trabalhadores, entre eles quem agora se pretende apresentar como um dos campeões da liberdade.

A divisão sindical contribuíu, decisivamente, para o enfraquecimento das estruturas, com reflexos no agravamento dos direitos dos trabalhadores, nomeadamente nas irregularidades dos horários de trabalho que, muitas vezes, se aproximam do que era praticado antes dos acontecimentos de Chicago.

Hoje, para mal de todos quantos trabalham, proliferam estruturas divisionistas, entre elas a tendência classista para "Ordens".

A exploração é cada vez mais desenfreada.

Os inimigos dos trabalhadores estão sempre programados para os atacar.

Sindicalizado há 58 anos, membro do mesmo Sindicato há 55, é com orgulho que, mensalmente, cumpro com as minhas obrigações de trabalhador, sem nunca me ter deixado tentar pelo seu abandono, independentemente das opções dos seus dirigentes.

Um bom dia de luta para todos, em nome de um melhor futuro.

Fernando Castelo